Topo

Como juiz, defendo execução da pena após esgotados os recursos, diz Eros Grau

Daniel Weterman e Marcelo Osakabe

São Paulo

27/02/2018 12h09

O ex-ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Eros Grau afirmou nesta terça-feira que, como juiz, defende a execução da pena apenas quando esgotados todos os recursos. Mas que, como cidadão, gostaria que esse processo fosse abreviado.

"Quando estive no Supremo, voltei sempre para a execução da pena quando não houvesse mais recurso. Se houver mil casos e em um deles houver equívoco e a pessoa for presa, isso é uma barbaridade", disse o jurista, que participou do painel no "Fórum Estadão: A Reconstrução do Brasil", promovido pelo jornal O Estado de S. Paulo.

"Agora, uma coisa é o juiz, outra é o cidadão. Eu como cidadão, quero botar todo mundo na cadeia", disse. "Neste exato momento, até fico pensando se não seria necessário prender em primeira instância esses bandidos que estão aí", provocou. "Inclusive do Lula", emendou, quando questionado se se referia ao ex-presidente petista. "Se ele foi condenado depois de uma série de investigações é porque é um sujeito culpado".

Questionado sobre o pedido da procuradora-geral da República, Raquel Dodge, para o Supremo derrubar uma liminar do falecido ministro Teori Zavascki, suspendendo ação penal na Justiça Federal do Rio contra acusados de envolvimento na morte e ocultação do cadáver do deputado federal Rubens Paiva, e voltar a discutir o alcance da lei da Anistia, Eros Grau se mostrou contra.

"Não sei porque voltar a esse tema, já está decidido e ponto final", disse o jurista, que afirmou preferir ser lembrado como um professor da Faculdade de Direito da USP a ex-integrante da Suprema Corte brasileira.

Eros Grau, no entanto, admitiu que não conhece o teor da proposta da procuradora-geral e que seria necessário estudá-la antes de dar uma opinião mais embasada sobre o tema.