Se fosse relatar ações governo, passaria um bom tempo discursando, diz Temer
Além de Mendonça Filho, que está de saída de Educação, Temer terá que trocar pelo menos mais de dez ministros até o fim da próxima semana, quando acaba o prazo determinado pela Justiça eleitoral para descompatibilização. Apesar de nos últimos dias ter promovido diversas agendas para marcar as saídas de seus ministros, Temer falou que o governo trabalha "em silêncio". "Nosso governo jamais tentou, simplesmente tentou aparecer, trabalha em silêncio".
Na terça à noite, Temer reuniu por quase três horas seus ministros palacianos e a equipe econômica para, entre outros assuntos, tratar sobre a substituição em algumas pastas como a Fazenda, já que Henrique Meirelles - que vai se filiar ao MDB - se mostra cada vez mais disposto a participar das eleições.
Segundo fontes, apesar de ainda não ter batido o martelo, o nome do secretário Eduardo Guardia é o mais cotado para substituir Meirelles. Um auxiliar do presidente, ponderou, que Guardia enfrenta resistências na ala política e no Congresso e ainda há algumas costuras finais a serem realizadas.
Na cerimônia desta quarta-feira, Temer disse que com Mendonça Filho fez diversas "reuniões para apresentar melhorias na educação". "Trabalhamos duro para oferecer uma educação moderna, sintonizada com futuro", afirmou Temer. "Não estamos aceitando mais os índices que persistem há muitos anos na educação", completou.
Além da liberação de R$ 523 milhões para o programa Mais Alfabetização nos próximos dois anos, o governo ainda anunciou na cerimônia o reajuste de 20% para o transporte escolar. "Uma medida que ajudará os estados e municípios", disse Mendonça.
O presidente disse que o Brasil é um país que tem um "povo talentoso e trabalhador" e que tem recursos naturais extraordinários e "pode muito bem assistir um nível de Justiça e bem-estar de países desenvolvidos".
Despedida
Apesar de Mendonça afirmar que só deixará o cargo no dia 5 e ainda fará pelo menos mais dois anúncios antes de deixar a pasta, a cerimônia desta quarta teve tom de despedida. Mendonça agradeceu ao presidente, disse que esse deveria ser o seu último discurso no Planalto e afirmou que o período a frente do MEC foi o "mais instigante e desafiador dos mais de 30 anos da minha vida publica".
Temer, logo no início de sua fala, disse ter certeza de que "Mendonça continuará fazendo discursos em outros cargos que vier a ocupar" e que não se tratava de uma despedida. "Não estou me despedindo do Mendonça, que ele estará sempre conosco, mas quero desejar muito sucesso", afirmou.
Agenda
Mais cedo, após conceder entrevista a uma rádio de Vitória (ES), o presidente recebeu no Palácio do Planalto o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Luiz Fux, e a Advogada-Geral da União, ministra Grace Mendonça.
Fux adiou a discussão no STF sobre a concessão de auxílio-moradia a magistrados e procuradores e agora o tema será alvo de uma mesa de diálogo de conciliação, por intermédio da Câmara de Conciliação e Arbitragem da Administração Federal, órgão ligado à AGU. Conforme mostrou o Broadcast (serviço de notícias em tempo real do Grupo Estado), a decisão de adiar a discussão irá representar um custo mensal de R$ 135 milhões para a União.
Depois da cerimônia de Liberação de Recursos para o Programa Mais Alfabetização, Temer tem uma agenda privada com Mendonça Filho. Na sequência, recebe Aloysio Nunes, Ministro de Estado das Relações Exteriores. Às 15 horas, Temer tem audiência com o senador Ciro Nogueira (PP/PI) e, às 15h30, senador Pedro Chaves (PRB/MS).
Transição
Temer tem pelo menos mais uma audiência nesta quarta para costurar a reforma ministerial e recebe às 16h30 Maurício Quintella, que vai deixar o Ministério dos Transportes, Portos e Aviação Civil. Também estarão no encontro, o diretor Geral do DNIT, Valter Casimiro Silveira, cotado para ficar no lugar de Quintella e o ex-Deputado Valdemar Costa Neto, um dos caciques do PR, partido que comanda a pasta.
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