Procuradoria-Geral da República quer que só STJ avalie recursos de Lula
O pedido encaminhado à presidente do STJ, ministra Laurita Vaz, é a primeira manifestação oficial da Procuradoria após o impasse jurídico envolvendo o habeas corpus ajuizado por parlamentares petistas no plantão do Tribunal Regional Federal da 4.ª Região (TRF-4). No domingo, o desembargador plantonista Rogério Favreto concedeu liminar libertando Lula. A autorização acabou cassada pelo presidente do TRF-4, Carlos Eduardo Thompson Flores após 10 horas de impasse. O PT vai recorrer da decisão (mais informações nesta página).
"Desembargador federal plantonista não possui atribuição para expedir ordem liminar em habeas corpus contra decisão colegiada da própria Corte, eis que a competência para esse tipo de impugnação é do Superior Tribunal de Justiça", afirmou Medeiros no pedido.
Nesta segunda-feira, 9, o relator da Lava Jato no TRF-4, João Pedro Gebran Neto, ratificou a prisão do ex-presidente e recusou pedido de investigação sobre a conduta do juiz Sérgio Moro. O embate entre Favreto e Moro, que se recusou a colocar Lula em liberdade, será analisado pelo Conselho Nacional de Justiça (mais informações na pág. A6).
Competência
Medeiros argumentou que o plantão do Tribunal não tem competência para julgar o HC contra decisão colegiada da 8.ª Turma da Corte, que, em janeiro, ratificou a condenação proferida por Moro e determinou que Lula cumprisse 12 anos e 1 mês em regime fechado. No pedido ao STJ, Medeiros afirmou que a ordem de prisão do ex-presidente foi determinada pela 8.ª Turma, não por Moro, que apenas a cumpriu. Desse modo, segundo o procurador-geral em exercício, um habeas corpus cabível seria da competência do STJ.
A decisão de acionar o STJ foi tomada na Procuradoria como uma "medida de segurança" para evitar "novas surpresas". Um integrante da PGR ouvido pelo jornal O Estado de S. Paulo classificou o impasse de domingo como "desgastante". Para ele, o posicionamento da PGR previne eventuais desdobramentos do habeas corpus de Lula dentro do TRF-4.
'Descrença'
Nesta segunda, Lula disse aos seus advogados que estava "descrente" de que sairia da prisão, apesar de a liminar ter sido temporariamente aceita pela Justiça. O petista afirmou ainda que não deixaria Curitiba se tivesse sido solto. "Para onde Lula iria correr? É uma pessoa conhecida, sabe de suas responsabilidades. Ele me disse claramente: 'Eu nem sairia de Curitiba, ficaria esperando o que decidiriam a meu respeito, porque sabia que isso não iria longe'", declarou o ex-ministro da Justiça Eugênio Aragão, que visitou o petista com o advogado Cristiano Zanin Martins.
Advogado do PT, Aragão disse que as regras processuais, de competência e jurisdição, foram "subvertidas" com as decisões posteriores às da soltura. Nesta segunda, o ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, defendeu a atuação da Polícia Federal. Questionado se poderia haver algum tipo de responsabilização por causa da demora em soltar Lula, o ministro foi taxativo. "A PF cumpriu estritamente a lei, num momento muito difícil, complicado, de conflito de competências." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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