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Centrão vincula apoio eleitoral a cargos

Vera Rosa e Felipe Frazão

Brasília

11/07/2018 11h00

A menos de três meses das eleições, o bloco formado por DEM, PP, Solidariedade e PRB começou a traçar a estratégia para manter influência no poder em 2019. Os quatro partidos que compõem o Centrão querem indicar não apenas o vice na chapa do candidato com quem fizerem aliança para a disputa ao Palácio do Planalto, mas também reconduzir o deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ) ao comando da Câmara e manter ministérios estratégicos ocupados no governo de Michel Temer.

O assunto não é tratado publicamente, mas faz parte de conversas reservadas nas negociações. Dirigentes do grupo se reúnem nesta quarta-feira, 11, em um almoço na casa de Maia, na tentativa de "afunilar" as opções de apoio. Até agora, o Centrão - rebatizado de "blocão" - está mais inclinado a avalizar a pré-candidatura de Ciro Gomes (PDT).

Há, porém, resistências no DEM, uma vez que a maioria da bancada na Câmara prefere se aliar ao ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB), além de dificuldades expostas pelo PRB, que não simpatiza com Ciro e flerta com o senador Alvaro Dias (Podemos). O PR se "desgarrou" do bloco porque negocia com Jair Bolsonaro (PSL), hoje líder nas pesquisas em um cenário sem o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, mas foi convidado para o encontro de hoje.

Diante de tantas dúvidas, a escolha do Centrão será anunciada após a Copa, que termina no domingo, 15. Enquanto o grupo tenta resolver divergências, no entanto, o loteamento dos ministérios entra no mercado eleitoral.

Visto como a "noiva" dessas eleições, o "blocão" conta, hoje, com 124 deputados, que podem atuar como fiel da balança em qualquer votação. Além disso, tem para oferecer palanques regionais e o tempo de TV na propaganda eleitoral. Se todos os partidos do grupo apoiarem o mesmo candidato, o dote será, na ponta do lápis, de 126 segundos. O PSC integra o grupo, mas não está participando de todas as reuniões.

'Preço'

Na quarta-feira passada, dia 4, um dirigente do PSDB afirmou ao jornal O Estado de S. Paulo que Alckmin iria ao jantar com o Centrão ouvir "o preço dos bois". Embora dita em tom de brincadeira, a frase expressa o rumo da prosa política.

O PP quer manter os ministérios da Saúde, Cidades e Agricultura, que dispõem dos maiores orçamentos, além da presidência da Caixa. No DEM, Maia chegou a lançar seu nome ao Planalto, mas avisou aos aliados que vai retirá-la. Um dos principais nomes do partido, ele busca apoio não apenas para conquistar novo mandato como para sua recondução ao comando da Câmara, em 2019. A sigla ainda controla o Ministério da Educação.

"É natural que os partidos que ajudarem na eleição ajudem também a governar, mas não discutimos cargos ainda", disse o deputado Paulo Pereira da Silva, presidente do Solidariedade. Em maio, Paulinho da Força, como é conhecido, teve o gabinete revistado por policiais federais durante a Operação Registro Espúrio, que apura fraudes na concessão de registros sindicais pelo Ministério do Trabalho.

"O Solidariedade não tem mais espaço ali. Devolvemos. Aliás, acho que o Ministério do Trabalho deve ser fechado porque é um antro de corrupção e problemas", afirmou Paulinho. O Incra e a Secretaria de Desenvolvimento Agrário continuam sob a direção do Solidariedade.

O presidente do PRB, Marcos Pereira, disse que a participação no governo ainda não foi objeto de debate no grupo. "Primeiro, queremos apoiar um candidato que tenha possibilidade de chegar no segundo turno, para evitar os extremos", comentou o ex-ministro. O PRB tem o empresário Flávio Rocha como pré-candidato ao Planalto e o Solidariedade apresentou Aldo Rebelo. Nenhum dos dois, porém, chegou a 1% das intenções de voto. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.