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Intervenção federal no RJ apura se tráfico faz barreira com brinquedos

Militar observa favela da Rocinha durante operação na comunidade - José Lucena/Futura Press/Estadão Conteúdo
Militar observa favela da Rocinha durante operação na comunidade Imagem: José Lucena/Futura Press/Estadão Conteúdo

Tânia Monteiro

Em Brasília

18/08/2018 09h23

O Comando da Intervenção na Segurança do Rio investiga se traficantes estão usando pula-pulas e camas elásticas para atrair crianças e montar barreiras contra invasões, para dificultar operações policiais e militares.

Na sexta-feira (17), houve quatro intervenções no Estado. Elas se somam a outras 110 já realizadas desde o início dos trabalhos das tropas federais no Rio, em fevereiro. Em ação na Comunidade de Antares, zona oeste carioca, segundo o secretário de Segurança, general Richard Nunes, os militares se depararam com o fechamento de ruas e de quase todas as entradas com camas elásticas e pula-pulas, usados por crianças para brincar.

"Ao ordenar a instalação de pula-pulas, os criminosos passaram a usar crianças como escudos humanos, o que é inadmissível", afirmou o general. Além da ação em Antares, as polícias e Forças Arnadas agiram também no Complexo do Alemão, "para intensificar investigações contra o narcotráfico"; no Complexo do Lins, "para rearticulação da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP)", e na Cidade de Deus, "para intensificação do patrulhamento".

Ao citar o problema de Antares, o general comentou que "quando se coloca um pula-pula de criança no meio da rua, é um sinal de desordem pública, de descumprimento de uma norma básica de convivência, que encobre uma ação criminosa". Na avaliação de Nunes, "os criminosos se aproveitam dessa tolerância, dessa permissividade da sociedade, com essa prática, para encobrir sua ação criminosa, colocando crianças como verdadeiros escudos humanos para evitar a aproximação dos agentes da lei".

Nas ruas

Nas últimas semanas, após críticas, o comando tem buscado dar mais publicidade às estratégias e às ações como as de ontem. O responsável pela intervenção federal no Rio, general Walter Braga Netto, por sua vez, reiterou os resultados do trabalho nas ruas do comando conjunto, que inclui as polícias do Rio, além das Forças Armadas.

Segundo ele, as mais de 110 operações cobriram 19 comunidades, patrulhando um total de 90 mil quilômetros. "Houve queda dos principais índices de criminalidade, que vêm sistematicamente sendo reduzidos mais fortemente nos últimos três meses", disse.

A queda da criminalidade, porém, foi contestada nesta semana pelo Observatório da Intervenção, ligado à Universidade Cândido Mendes. Balanço feito pelo núcleo dos seis primeiros meses de intervenção federal apontou que os tiroteios na região metropolitana do Rio aumentaram 40%. Os militares apontaram, em resposta, que os crimes com letalidade violenta caíram 14,15%, e os homicídios, 19,69%, no período. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.