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Ex-ministra de Dilma, vice de Ciro critica desonerações e política do BNDES

Mateus Fagundes

São Paulo

29/08/2018 13h02

A candidata a vice-presidente na chapa de Ciro Gomes, Kátia Abreu (PDT), criticou na manhã desta quarta-feira, 29, políticas econômicas do governo da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), do qual fez parte de 2015 até o impeachment. Para a senadora, foram feitas desonerações "sem critério" e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) "pesou a mão".

Em sabatina do Banco BTG Pactual, fechada a clientes, Kátia afirmou que as desonerações "prejudicaram muito o País".

"Isso ocorreu diante da aflição do governo anterior em acudir as empresas, tentar melhorar a vida das empresas para ajudar a economia. Isso foi dado com ótimas intenções, mas sem nenhuma análise de resultados", disse ela, ressaltando que as desonerações saltaram de 2% do Produto Interno Bruto (PIB) no início do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para cerca de 4% atualmente.

A senadora e candidata a vice de Ciro destacou ser urgente rever essas políticas, para reverter a escalada do déficit fiscal do País.

A suave crítica de Kátia Abreu à política econômica do governo Dilma faz coro à escalada do tom de Ciro Gomes contra as gestões petistas. Na sabatina do Jornal Nacional da Rede Globo na segunda-feira, 27, o pedetista falou que os ganhos econômicos dos anos Lula foram perdidos "de Dilma para cá".

O presidenciável também rechaça sempre que possível "a cúpula do PT", que, segundo ele, "convida o Brasil a dançar à beira do abismo" ao sustentar a candidatura de Lula.

BNDES

Outro alvo de Kátia Abreu foi a política de incentivos do BNDES. "O BNDES tem uma presença importante, afinal é um banco de desenvolvimento em um País em desenvolvimento. Mas ele pesou a mão e concentrou recursos em poucos, poderia ter diversificado mais", sugeriu.

Aos investidores, ela reconheceu, no entanto, a necessidade de baratear o crédito para empresas em um eventual governo Ciro Gomes.

Kátia defendeu ainda as propostas do pedetista para o refinanciamento de dívidas de pessoas físicas, o enxugamento da máquina pública, e a instituição de imposto sobre lucros e dividendos e fortunas.

Ela propôs medidas para ampliar a cobrança da dívida ativa da união. A senadora disse também que as reformas trabalhista, previdenciária, administrativa e tributária propostas por Ciro devem ser negociadas com o Congresso.

Posição política

A senadora abriu a palestra aos investidores brincando com a posição política dela. "As pessoas chegam e me perguntam: ô Kátia, você é de esquerda agora? Eu nem sabia que eu era de direita antes", afirmou.

A pedetista ressaltou que, por ser produtora rural, se formou com "todas as expressões que as pessoas classificam como direita". "Mas uma coisa eu digo: o mercado é muito importante, e aqui eu falo mercado como empresas, não só os bancos. Mas ele não pode tudo", disse.

Para Kátia Abreu, a presença do Estado precisa ser "valorizada em alguns aspectos". "Não é mandando nas empresas, mas precisamos de regulação e diretrizes. O presidente pode orientar a livre iniciativa", opinou.