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'Em 2020, a situação será dramática. Cursos vão ficar ameaçados', diz professor

Jardel Rodrigues/SBPC
Imagem: Jardel Rodrigues/SBPC

Priscila Mengue

São Paulo

03/09/2019 07h51

O Ministério da Educação anunciou nesta segunda-feira, 2, o bloqueio de mais 5.613 bolsas de pós-graduação da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), a partir deste mês. Ao todo são 11.811 benefícios cortados neste ano.

Presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) e professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Ildeu de Castro Moreira observa que os cortes sucessivos já ameaçam a imagem da ciência brasileira no exterior e teme a saída mais rápida de pesquisadores.

Qual é o impacto desse corte?

É muito negativo, porque a Capes é agência fundamental para a pesquisa, que grande parte é pela pós-graduação. Ano que vem a situação vai ser dramática. Os cursos que já existem vão ficar ameaçados e os novos, reduzidos.

Vai interferir em pesquisas que inicialmente não terão cortes?

Na realidade, estão tirando as bolsas do sistema. Podem até manter (as atuais), mas, se não tem novas, dá no mesmo. Estão tirando um grande número de bolsas que tem mostrado que contribui muito para a melhoria da ciência brasileira. E ainda se reduziu drasticamente o fomento do CNPq, que é fundamental. Não adianta ter pesquisador se não tem material, se não se pode viajar para congresso…

O corte também afeta a graduação e a educação básica?

A Capes tem uma importância para a educação básica, com a melhoria das licenciaturas. E tem programa de qualificação para melhorar a formação de professores.

Isso afeta a imagem da pesquisa brasileira no exterior?

Já está afetando desde 2014, 2015 (com cortes)... Uma dezena de matérias em revistas internacionais já abordava isso.

Pode aumentar a saída de pesquisadores para o exterior?

Não tenho dúvida. Isso já está acontecendo. Vamos perder, já estamos perdendo e vamos perder mais. Pode criar um processo mais rápido do que a gente imagina, conforme outros países perceberem que temos jovens brilhantes. E não se perde só jovens formados, outros deixam de ir para essas áreas, pois desanimam.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.