'Presidente só pensa na eleição de 2022', afirma Witzel
Como o sr. avalia a estratégia do presidente de combate ao coronavírus?
Desastrosa. Na medida em que o pronunciamento se dissocia dos atos administrativos já existentes, até do próprio governo, ele incide em improbidade administrativa, porque praticou desvio de finalidade no ato convocatório em cadeia de rádio e televisão, e fala absolutamente contra o que já estava estabelecido.
Ele tem que responder juridicamente por isso?
Juridicamente, sim. Está na recomendação do Ministério Público Federal: desvio de finalidade. Diz que o pronunciamento do presidente refutou a necessidade de isolamento social, criticando o fechamento das escolas e do comércio.
Quais providências?
Ação de improbidade, no mínimo. O presidente deveria agora, em cadeia nacional, fazer novo pronunciamento e corrigir o equívoco, o que não o impede de ser responsabilizado pelo anterior. Desautorizar os governadores cria para nós uma situação de desobediência civil.
Juridicamente teria motivo para impeachment? E politicamente, tem clima?
Estamos vivendo muitas crises. Econômica, de saúde. Neste momento, o mais racional é convencer o presidente de que ele tem que fazer a coisa certa, e deixar para pensar em qualquer outra situação depois que superarmos o coronavírus. Não é hora de se falar em impeachment, que vai paralisar o Congresso.
Qual é a saída política para o cabo de guerra entre o presidente e os governadores?
Está faltando ao presidente entender que é preciso buscar o consenso na política.
O que pesa? É a sucessão de 2022? O sr. é percebido pelo presidente como adversário.
Todo mundo que tem um destaque maior ele acha que vai ser candidato a presidente. O único que está pensando em eleição em 2022 é o presidente. Todos os outros estão trabalhando. E ele vê todos os outros como adversários. As ações dele demonstram que todo mundo que faz o seu trabalho e está fazendo o certo, acertando, vira inimigo para ele.
Inclusive o ministro Mandetta?
O ministro Mandeta,.. quem mais entrou? Daqui a pouco o (Paulo) Guedes também entra...Ou seja, todo mundo que está fazendo o seu trabalho e que acaba, de uma forma ou de outra, tendo protagonismo, vira adversário do presidente.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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