Covid-19: população contaminada em BH é 2,5 vezes maior que no Estado, diz UFMG
Belo Horizonte - A população contaminada pelo novo coronavírus em Belo Horizonte é duas vezes e meia maior que os registros confirmados de infectados em todo o Estado, aponta pesquisa da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) que tem como base amostras de esgoto coletadas em 17 pontos da cidade nas duas bacias que cortam o município (Ribeirão Arrudas e Ribeirão do Onça). Minas Gerais tem 21 milhões de habitantes, enquanto na capital são 2,5 milhões de pessoas.
O levantamento da UFMG, que leva em conta as semanas epidemiológicas, mostrou que, processada a coleta mais recente, finalizada em 12 de junho, mais de 50 mil pessoas estavam contaminadas pelo vírus na cidade. Na mesma data, conforme o boletim diário da Secretaria de Estado de Saúde, o total de infectados em todo o Estado de Minas Gerais era de 20.106 casos.
Na data da coleta, o número de casos confirmados na capital era de 3.028. Nessa comparação, a cidade tinha, conforme o estudo da universidade, quase 17 vezes mais casos que todo o Estado. As amostras foram recolhidas em 8 pontos da bacia do Onça, 7 pontos na bacia do Arrudas e em pontos de entrada das estações de tratamento de esgoto que existem nos dois ribeirões.
Segundo uma das professoras da UFMG responsáveis pelo estudo, Juliana Calábria, do Departamento de Engenharia Sanitária e Ambiental da universidade, as amostras identificaram material genético do novo coronavírus a partir de fezes e urina da população. "É uma forma de testagem indireta", diz a especialista. "Se foi encontrado no esgoto, é porque as pessoas estão excretando o novo coronavírus", explica.
Procurada pelo reportagem, a Prefeitura de Belo Horizonte se posicionou por meio de nota. "A tomada de decisões para políticas de enfrentamento à pandemia do Coronavírus em Belo Horizonte leva em consideração os números qualificados pela Secretaria Municipal de Saúde. Os casos divulgados no Boletim Epidemiológico e Assistencial se referem a pessoas sintomáticas e com a COVID confirmada por meio de exame laboratorial. Já a pesquisa da Universidade Federal de Minas traça uma estimativa indireta que inclui os casos assintomáticos, que são mais de 80% dos portadores do coronavírus. A Secretaria Municipal de Saúde destaca que nos pontos de amostragem não se pode separar de maneira clara e objetiva a carga viral decorrente da capital e de Contagem. Por isso, a SMSA sugeriu aos pesquisadores que nas próximas coletas fossem estabelecidos pontos mais definidos. A Prefeitura reconhece a importância destes estudos que possibilitam o acúmulo de conhecimentos que podem nortear as políticas públicas."
O diagnóstico apresentado pela UFMG é feito utilizando-se o volume total de esgoto que entra no sistema dividido pelo que cada morador da cidade que contribui para a rede expele individualmente. Esse número relativo a cada habitante é referencial e determinado a partir de estudos laboratoriais. "Assim, dividimos a carga viral que chega nas estações de tratamento de esgoto pela carga viral individual, e alcançamos um bom grau de segurança nas estimativas", diz o professor Carlos Chernicharo, também responsável pelo estudo.
A diferença entre o número de casos projetados pela coleta das amostras no esgoto e os registrados pela Secretaria de Estado de Saúde ocorre porque os resultados alcançados a partir do trabalho da UFMG captam moradores da cidade assintomáticos para a doença e os que apresentam os sintomas. No caso dos registros da Secretaria de Estado de Saúde, os números espelham apenas os que apresentam os sintomas e procuram tratamento.
Baixa testagem
O resultado é mais uma prova da baixa testagem registrada no Estado. "Todos os países que conseguiram conter minimamente a disseminação do vírus fizeram testagem muito alta, para implementação de medidas de isolamento", afirma a professora da UFMG.
O levantamento da UFMG, que leva em conta as semanas epidemiológicas, mostrou que, processada a coleta mais recente, finalizada em 12 de junho, mais de 50 mil pessoas estavam contaminadas pelo vírus na cidade. Na mesma data, conforme o boletim diário da Secretaria de Estado de Saúde, o total de infectados em todo o Estado de Minas Gerais era de 20.106 casos.
Na data da coleta, o número de casos confirmados na capital era de 3.028. Nessa comparação, a cidade tinha, conforme o estudo da universidade, quase 17 vezes mais casos que todo o Estado. As amostras foram recolhidas em 8 pontos da bacia do Onça, 7 pontos na bacia do Arrudas e em pontos de entrada das estações de tratamento de esgoto que existem nos dois ribeirões.
Segundo uma das professoras da UFMG responsáveis pelo estudo, Juliana Calábria, do Departamento de Engenharia Sanitária e Ambiental da universidade, as amostras identificaram material genético do novo coronavírus a partir de fezes e urina da população. "É uma forma de testagem indireta", diz a especialista. "Se foi encontrado no esgoto, é porque as pessoas estão excretando o novo coronavírus", explica.
Procurada pelo reportagem, a Prefeitura de Belo Horizonte se posicionou por meio de nota. "A tomada de decisões para políticas de enfrentamento à pandemia do Coronavírus em Belo Horizonte leva em consideração os números qualificados pela Secretaria Municipal de Saúde. Os casos divulgados no Boletim Epidemiológico e Assistencial se referem a pessoas sintomáticas e com a COVID confirmada por meio de exame laboratorial. Já a pesquisa da Universidade Federal de Minas traça uma estimativa indireta que inclui os casos assintomáticos, que são mais de 80% dos portadores do coronavírus. A Secretaria Municipal de Saúde destaca que nos pontos de amostragem não se pode separar de maneira clara e objetiva a carga viral decorrente da capital e de Contagem. Por isso, a SMSA sugeriu aos pesquisadores que nas próximas coletas fossem estabelecidos pontos mais definidos. A Prefeitura reconhece a importância destes estudos que possibilitam o acúmulo de conhecimentos que podem nortear as políticas públicas."
O diagnóstico apresentado pela UFMG é feito utilizando-se o volume total de esgoto que entra no sistema dividido pelo que cada morador da cidade que contribui para a rede expele individualmente. Esse número relativo a cada habitante é referencial e determinado a partir de estudos laboratoriais. "Assim, dividimos a carga viral que chega nas estações de tratamento de esgoto pela carga viral individual, e alcançamos um bom grau de segurança nas estimativas", diz o professor Carlos Chernicharo, também responsável pelo estudo.
A diferença entre o número de casos projetados pela coleta das amostras no esgoto e os registrados pela Secretaria de Estado de Saúde ocorre porque os resultados alcançados a partir do trabalho da UFMG captam moradores da cidade assintomáticos para a doença e os que apresentam os sintomas. No caso dos registros da Secretaria de Estado de Saúde, os números espelham apenas os que apresentam os sintomas e procuram tratamento.
Baixa testagem
O resultado é mais uma prova da baixa testagem registrada no Estado. "Todos os países que conseguiram conter minimamente a disseminação do vírus fizeram testagem muito alta, para implementação de medidas de isolamento", afirma a professora da UFMG.
Leonardo Augusto, especial para o Estadão
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