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A apoiadores em SC, Bolsonaro xinga Barroso de 'filho da p...'

Levy Teles, Weslley Galzo, Gustavo Côrtes, Matheus de Sousa e Silvio Melatti, especial para o Estadão

Brasília, São Paulo e Joinville

06/08/2021 20h45

O presidente Jair Bolsonaro xingou o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luís Roberto Barroso de "filho da p..." diante de apoiadores em Joinville, em Santa Catarina, elevando a tensão entre os Poderes. A fala foi registrada em transmissão ao vivo no perfil do Facebook do presidente e, depois, apagada. Um fragmento de nove segundos de vídeo viralizou nas redes sociais - perfis como o do senador Jorge Kajuru (Podemos-GO) e do Movimento Brasil Livre (MBL) compartilharam o trecho.

"Eu não paro para bater boca, não me distraio com miudezas. O meu universo vai bem além do cercadinho", respondeu Barroso. "Eu sou um ator institucional, não sou um ator político. Portanto, eu não tenho interesse e nem cultivo polêmica pessoais. A conquista e a preservação da democracia foram as grandes causas da minha geração e é a isso que eu dedico a minha vida", afirmou Barroso, que também é presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Além de condicionar a realização das eleições de 2022 ao voto impresso, o presidente transformou o conflito com o Judiciário em rixa pessoal com Barroso. A Corte eleitoral abriu inquérito para investigar Bolsonaro por acusações infundadas contra as urnas eletrônicas.

Em discurso a políticos e empresários aliados na cidade catarinense, Bolsonaro afirmou que harmonia "é o que menos existe" entre os Poderes e voltou a defender o voto impresso. "Não exijo que acreditem em mim", disse sobre suas falas contra o sistema eletrônico de votação. "Eu quero e desejo eleições limpas e democráticas, sem que meia dúzia de pessoas sem compromisso com a liberdade conte nossos votos em uma sala escura. Sem eleições limpas, (as eleições de 2022) já é uma fraude."

O presidente também afirmou, incorretamente, que apresentou provas de fraudes em eleições em entrevista na semana passada, quando citou elementos de investigação da Polícia Federal cuja conclusão não indica irregularidades no pleito. "A alma da democracia é o voto, e o que alguns poucos querem é exatamente eliminar o voto. Faz de conta que foram votados, mas eles é que vão contar. Provas de fraude, temos, como apresentei na última quinta-feira", disse.

Bolsonaro falou ainda em "lutar enquanto tivermos forças" e pediu aos presentes ao almoço ajuda para colher "subsídios" que corroborem a versão segundo a qual as urnas eletrônicas estão sujeitas a violações de segurança. "Não vou arredar, jurei pela minha vida, pela minha Pátria enquanto militar. E como presidente, dou a minha vida pela liberdade de vocês", declarou. "Não estou preocupado em me manter presidente. Já dou o recado: só Deus me tira daquela cadeira."