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Tarcísio avança em minirreforma, escolhe número 2 na Agricultura e quer deputado no Turismo

O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), avançou nos últimos dias nas tratativas para a minirreforma de seu secretariado que pretende fazer até o fim do mês. Conforme revelado pelo Estadão, as mudanças envolvem as secretarias de Agricultura e Turismo. Na primeira, Tarcísio já bateu o martelo sobre o novo secretário-executivo. O presidente do Instituto de Terras do Estado (Itesp), Guilherme Piai, vai ocupar a vaga deixada por Marcos Renato Bottcher, demitido no fim de agosto. Também é debatida a saída do titular da pasta, Antonio Junqueira, mas o governo ainda avalia currículos.

A demissão de Bottcher passou a ser pleiteada por deputados estaduais da base após ele entregar ao Tribunal de Contas do Estado (TCE-SP) um relatório com denúncias de irregularidades na construção de estradas do programa Melhor Caminho, no interior paulista. O documento, revelado pelo Estadão, diz respeito ao período em que o deputado estadual Itamar Borges (MDB) e Francisco Matturro estiveram à frente da secretaria, durante os governos de João Doria e Rodrigo Garcia (PSDB).

O desempenho de Piai à frente do Itesp tem sido elogiado por Tarcísio e seus auxiliares. Ele pretende se candidatar, em 2024, à Prefeitura de Presidente Prudente, onde, na última quarta-feira (14), participou, ao lado do governador, de cerimônia de entrega de títulos de propriedade de terras a assentados rurais no Pontal do Paranapanema, no extremo oeste do Estado.

A política é defendida dentro do governo como uma forma de desarticular grupos políticos de esquerda, como o Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST). Borges e Matturro participaram da solenidade. Segundo integrantes do Palácio dos Bandeirantes, o convite se deveu à participação deles na aprovação da lei que permitiu a concessão dos títulos.

Desde o início de setembro, o promotor Ricardo Manuel Castro, do Ministério Público de São Paulo, arquivou 14 dos 147 procedimentos de investigação relacionados a acusações feitas contra o programa Melhor Caminho.

Os procedimentos haviam sido instaurados após cerca de 350 obras terem tido os contratos reajustados supostamente sem justificativa técnica, levando a um prejuízo de R$ 50 milhões aos cofres públicos.

A decisão vai na contramão do entendimento da gestão de Tarcísio. No fim de agosto, um relatório preliminar Controladoria Geral do Estado (CGE), órgão do Executivo paulista, concluiu que houve prejuízo de quase R$ 53 milhões ao erário na execução do programa e fez 17 recomendações.

Neste valor, estão inclusos os acordos de reequilíbrio econômico-financeiros em favor de empreiteiras realizados em dezembro do ano passado e que são alvo das investigações do MP. Uma das sugestões da CGE é o ressarcimento de aproximadamente R$ 50 milhões gastos no aditamento destes contratos.

Turismo deve ser entregue a deputado do Republicanos

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No Turismo, o governador trabalha na busca de um deputado do Republicanos para assumir a função, de modo a garantir que um aliado assuma mandato na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp). No fim de agosto, ofereceu o cargo a Tomé Abduche (Republicanos), um de seus vice-líderes na Casa. O parlamentar recusou e disse que aceitaria assumir a Casa Civil, hoje sob o comando de Arthur Lima.

A contraproposta foi imediatamente descartada. Lima é amigo de longa data de Tarcísio, com quem estudou na Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN) e na Escola Preparatória de Cadetes do Exército (EsPCEX), e goza da confiança do mandatário. Por isso, mantém-se firme no cargo apesar de ataques da ala bolsonarista da Alesp.

Com a permanência ameaçada, o atual titular do Turismo, Roberto de Lucena, recebeu apoio de um grupo de prefeitos e entidades do setor, o que teria dado a ele sobrevida no cargo, segundo interlocutores. No entanto, Tarcísio mantém os planos de troca e cogita alocar o deputado estadual Altair Moraes, do Republicanos, na pasta.

Alguns auxiliares se opõem à ideia por entender que ele tem exercido um papel importante na articulação política. Contudo, há preferência pela nomeação de um parlamentar da Alesp filiado à legenda, que já controla a pasta, com Roberto de Lucena, porque, assim, Danilo Campetti, ex-assessor de Tarcísio e suplente do partido, assumiria mandato no Legislativo.

Após perder a eleição, Campetti, que é policial federal, foi cedido em janeiro ao governo de São Paulo para trabalhar no Palácio dos Bandeirantes, mas precisou retornar cinco meses depois às suas funções na corporação por exigência do Ministério da Justiça.

Na campanha, explorou ostensivamente sua participação na prisão e na condução coercitiva de Lula durante a operação Lava Jato. Por isso, aliados de Tarcísio o consideram alvo de perseguição do governo petista devido à sua atuação política. O agente atualmente se encontra suspenso da PF devido a uma sindicância que apura sua participação em um tiroteio na favela de Paraisópolis, na capital paulista. Naquele dia, um homem foi morto em uma troca de tiros. Campetti estava presente com um distintivo da PF. Segundo a Polícia Civil, o disparo partiu da arma de um policial militar.

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