Líder do PT defende 'virada de chave' em reforma ministerial com espaço a bancadas no Congresso
O líder do governo na Câmara dos Deputados, José Guimarães (PT-CE), defendeu uma "virada de chave" no governo federal e disse que é preciso garantir os devidos espaços para as bancadas partidárias do Congresso Nacional nos ministérios. As declarações ocorreram nesta quarta-feira, 29, em entrevista à CNN Brasil.
"A conjuntura política exige isso do governo, exige isso de nós", afirmou. "Agora, é uma virada de chave, é um novo momento. O governo tem que entregar tudo aquilo que foi anunciado, dialogar com o País, fazer com que as entregas sejam colocadas com toda a transparência para a sociedade, fazer as propagandas e a identificação dos projetos regionais e, evidentemente, fazer uma concertação."
Guimarães prosseguiu: "Se o nosso governo fizer a reforma ministerial, essa concertação, eu defendo, é necessária para a pacificar a relação cada vez mais, dar transparência naquilo que o governo pretende nestes próximos dois anos e, evidentemente, garantindo os espaços de cada bloco, de cada bancada, no governo".
Na sequência, o deputado disse que o governo precisa "sinalizar 2026", em referência às próximas eleições presidenciais. "Governo tem que agir com muita inteligência política, para buscar o máximo de consenso, para evitar qualquer perspectiva de esgarçamento das relações entre o poder Executivo e o poder Legislativo", declarou.
As afirmações acontecem na reta final da campanha da eleição para a presidência da Câmara. A votação está marcada para sábado, 1º de fevereiro, às 16h. O favorito para a eleição é o deputado Hugo Motta (Republicanos-PB), indicado pelo atual presidente, Arthur Lira (PP-AL), para a sucessão.
"O que me for dado como missão, cumprirei"
Guimarães afirmou que a decisão sobre a sua nomeação à presidência interina do PT depende do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e da presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, atualmente cotada para o ministério da Secretaria-Geral da Presidência.
"Tudo, daqui para frente, tem que ser combinado, em matéria de PT, com a presidenta Gleisi e com o presidente Lula. Eu sou soldado de um projeto", declarou. "O que for, será. Depende do presidente e da presidenta Gleisi. Aquilo que for me dado como missão, eu a cumprirei, como foi a missão que me foi dada no início do governo de que nós teríamos que estabilizar a relação política entre o Executivo e o Legislativo."
Como mostrou o Estadão/Broadcast, Gleisi deve ser a escolhida para ocupar a função exercida hoje por Márcio Macêdo no governo. A previsão é que o anúncio seja feito na reforma ministerial que deve ser anunciada até março.
Ao Broadcast Político, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado, petistas relataram negociações para que Guimarães assuma o cargo no lugar de Gleisi até o meio do ano. Caso ocupe o posto, o deputado terá de conduzir o processo eleitoral para presidente do partido, cargo para o qual o ex-prefeito Edinho Silva é o mais cotado. Também está sendo considerado para o mandato-tampão da legenda o senador Humberto Costa (PT-PE).
Guimarães: chances de vitória de Hugo Motta são de "100%"
O deputado afirmou que há "100% de chances" de vitória do deputado Hugo Motta (Republicanos-PB) na eleição para a presidência da Câmara.
"A eleição do deputado Hugo Motta está muito consolidada, por conta dos acordos que fizemos, e o PT teve uma posição decisiva no momento para fechar a aliança", disse. "Estou no 5º mandato. Pela primeira vez, eu vejo uma eleição tranquila, estabilizada, sem crise, sem guerra, todo mundo querendo uma Câmara altiva e ativa, que tenha compromisso com a democracia."
Guimarães continuou: "Para mim, essa é uma questão basilar. O próximo presidente tem que construir a sua gestão fincado num elemento central, que é a questão da defesa da democracia. Portanto, tenho certeza de que nós temos 100% de chances de eleger Hugo Motta no próximo sábado, se não por unanimidade, mas com grande margem de votos".
Caso seja eleito, Motta sucederá o atual presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL). Sua candidatura angariou o apoio de maioria dos partidos. Também lançaram candidaturas os deputados Henrique Vieira (PSOL-RJ) e Marcel Van Hattem (Novo-RS).
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