Tabloide inglês interceptou ligações de ex-advogado de Berlusconi
O tabloide britânico News of The World interceptou, dentre as ligações de quatro mil pessoas, os telefonemas do advogado David Mills, ex-defensor do premier da Itália, Silvio Berlusconi, atual pivô de um processo contra o italiano por corrupção.
Mills havia defendido o grupo inglês News International, do magnata Rupert Murdoch e responsável pela publicação dos jornais "The Times", "The Sun" e "The Sunday Times", além do "News of The World", que será fechado no próximo domingo após a denúncia de que a publicação realizou grampos ilegais.
A empresa havia guardado em um cofre mais de 20 milhões de libras esterlinas (cerca de R$49,7 milhões) para se defender de processos judiciais, sendo que cada querelante poderia receber até 100 mil libras (cerca de R$ 249 mil).
O advogado inglês, que também representava o grupo Fininvest, da família Berlusconi, foi condenado à prisão em 2009 por acobertar o primeiro-ministro italiano em um esquema de suborno de funcionários do governo para beneficiar a empresa.
Agora, o chefe de governo da Itália responde a uma acusação por ter pagado propina a Mills para que ele prestasse falso testemunho no processo anterior.
As escutas ilegais do News of The World teriam atingido também a esposa de Mills, Tessa Jowel, ex-secretária de Estado da Cultura do Reino Unido. O casal consta em uma lista de ao menos quatro mil pessoas, que inclui a família real da Inglaterra, políticos, celebridades, famílias de soldados mortos nas guerras do Afeganistão e do Iraque e vítimas de crimes.
O fato de que a publicação fizera escutas para conseguir furos jornalísticos já havia sido admitida pelo próprio tabloide em abril deste ano, mas só teve grande repercussão com a descoberta de que o jornal havia interceptado ligações e manipulado mensagens do telefone celular de uma garota de 13 anos, Milly Dowler, desaparecida em 2002.
Hoje, Andy Coulson, ex-porta-voz do primeiro-ministro britânico, David Cameron, foi preso por envolvimento no esquema de grampos pelo período em que editou o tabloide britânico, até 2007.
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