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Renzi diz que 'Mil Dias' é última chance para Itália

Em Buenos Aires

10/09/2013 15h52

ROMA, 16 SET (ANSA) - "O 'Mil Dias' é a última chance para recuperar o tempo perdido, o programa de recuperação após perdermos tanto tempo". Com essa frase, o primeiro-ministro italiano, Matteo Renzi, começou seu discurso no Parlamento nesta terça-feira (16) para defender suas reformas políticas e administrativas, o chamado programa "Mil Dias".   

"A seriedade de nossa abordagem decorre da consciência forte e generalizada de que, no final deste processo, poderemos não só reverter a história, mas colocar a Itália, novamente, no caminho certo. Se perdermos, não perde o governo. Perde a Itália", declarou Renzi aos parlamentares afirmando que as mudanças poderão ser plenamente sentidas a partir de fevereiro de 2018.   

O premier aproveitou para comentar o momento econômico de toda a Europa, afirmando que "a zona do euro está parada" e que a boa notícia econômica para os italianos é que o país "parou de cair, mas isso ainda não é o suficiente". "Os números não são mais devastantes, mas quem se contentar só em interromper a queda, que apareça. Nós precisamos voltar a crescer", afirmou o político.   

Ele ainda reconheceu que a ajuda de 80 euros para as famílias de baixa renda não "teve o efeito esperado" e destacou que "é preciso fazer mais, mas ao menos já começamos". Renzi ressaltou que "o nosso objetivo é voltar a crescer começando pelo emprego" porque o aumento de 83 mil vagas de trabalho registrado em junho "é insuficiente".   

O primeiro-ministro italiano ainda "agradeceu" ao Parlamento por debater as reformas propostas por ele, mas que "ou as reformas são feitas todas juntas ou não se levará para as casas a verdadeira mudança, pois se não for feito tudo junto vai se andar no passo da tartaruga após 20 anos de estagnação".   

Para falar da divisão entre ricos e pobres que ocorre no país, o premier usou uma frase forte, pedindo o "fim do apartheid" no mundo do trabalho. "Ao final dos mil dias, o direito ao trabalho não poderá ser como hoje. Não há nada mais desigual do que dividir os cidadãos entre série A e série B. O tratamento no mundo do trabalho não pode ser baseado no apartheid", declarou o primeiro-ministro.   

Renzi ainda salientou que "respeitará" o trabalho do Parlamento, mas que caso seja necessário "também estamos prontos para intervir com medidas de emergência porque não podemos perder nem um segundo a mais". Ele também falou sobre a reforma do judiciário, afirmando que sua proposta "deve cancelar o violento encontro ideológico do passado" e rebateu as críticas de que não quer a independência da Justiça, ressaltando que mesmo que isso "não seja cômodo".   

"Respeito o debate parlamentar mas também as exigências que chegam dos empresários. É preciso uma simplificação das regras que impedem a diversidade nos tribunais", disse o líder do governo.   

Ao final da fala, que durou cerca de 45 minutos, Renzi foi aplaudido pelos parlamentares italianos. O primeiro-ministro tem como bandeira de seu governo o chamado programa "Mil Dias". O projeto é dividido em 10 propostas, das quais cinco possuem caráter político: reformar a constituição para acabar com o bicameralismo paritário, criar uma nova lei eleitoral que estabeleça um vencedor claro ao fim de cada pleito, aumentar a voz da Itália em questões internacionais, fazer uma revolução na educação e reduzir as despesas públicas. Os outros cinco pontos possuem um perfil "administrativo". Elas incluem reformas trabalhista, fiscal, judiciária e da administração pública, além de um pacote de investimentos em infraestrutura, energia e redes digitais. (ANSA)

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