Busto de juiz de operação que inspirou a "Lava Jato" é decapitado e revolta Itália
O busto em homenagem ao juiz italiano Giovanni Falcone, em Palermo, na Itália, apareceu decapitado nesta segunda-feira (10) e causou revolta nos italianos. A obra, que homenageia o líder da Operação "Mãos Limpas", que inspirou a brasileira "Lava Jato", está sendo investigado pela Procuradoria.
A peça de mármore fica em frente a uma escola e lembra também outro magistrado italiano, Paolo Borsellino. Os dois lideravam diversas ações que acabaram por extinguir a máfia Cosa Nostra e ambos foram mortos em dois atentados organizados pelos grupos mafiosos.
Falcone havia liderado a mega investigação da Operação Mãos Limpas, que inspirou a brasileira Lava Jato, e que revelou um esquema de propinas entre empresários e políticos italianos.
"Ultrajar a memória de Falcone é uma mísera exibição de covardia", afirmou o primeiro-ministro da Itália, Paolo Gentiloni. O premiê foi seguido por diversas manifestações de políticos italianos.
"Indignação, raiva e tristeza pelo gravíssimo episódio ocorrido hoje em Palermo. A memória de Giovanni Falcone não pode ser riscada de nenhuma maneira e por ninguém. Exatamente de sua memória e daquela escola, que com um gesto vil foi ofendida, foi iniciada a retomada do povo italiano e siciliano contra a máfia.
É uma batalha longa e desgastante mas que verá as máfias sendo derrotadas", disse o ministro da Justiça, Andrea Orlando.
A irmã de Falcone, Maria, afirmou ter ficado "consternada" com a destruição do busto que "pela segunda vez, atinge um baluarte em um bairro extremamente sensível de nossa cidade".
"Estou ao lado dos estudantes e dos cidadãos daquele bairro que acreditam e lutam pelo nome de Giovanni Falcone e que, no último dia 23 de maio, honraram o nome dele e de Paolo em praça pública. Não desistiremos jamais e a estátua ressurgirá mais bonita que antes", concluiu Maria Falcone.
A Associação Nacional de Magistrados da Itália (ANM) emitiu um nota em que afirma que "ainda hoje, depois de tantos anos de sua morte, a memória de Giovanni Falcone ainda causa medo".
"Nós não esqueceremos e continuaremos a manter viva a sua memória condenando com firmeza esses atos não civis que são um ultraje à herança que ele nos deixou. Como dizia Falcone: a cultura da legalidade é a estrada correta para combater as máfias e nós perseguiremos esse caminho", finalizou a nota.
Em maio deste ano, a morte de Falcone, de sua mulher , Francesca Morvillo, e de três agentes que faziam sua segurança, Vito Schifani, Roco Dicilio e Antonio Montinaro, completou 25 anos.
Eles foram vítimas de um atentado na estrada A29, em Capaci, nos arredores de Palermo.
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