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Na ONU, Conte defende que populismo está na Constituição

26/09/2018 18h44

NOVA YORK, 26 SET (ANSA) - Em sua estreia na Assembleia Geral das Organizações das Nações Unidas (ONU), o primeiro-ministro da Itália, Giuseppe Conte, defendeu nesta quarta-feira (26) o populismo e afirmou que não é moral negar justiça e dignidade para nenhum cidadão.   

"Eu não considero, antes mesmo de uma ação política do governo, moralmente aceitável que não se preocupe adequadamente em assegurar condições de vida justas e plenamente dignas para todos os cidadãos", disse.   

Segundo ele, "quando alguém nos acusa de soberania e populismo, sempre gostei de lembrar que a soberania e o povo são mencionados no artigo 1 da Constituição, e é nessa previsão que interpreto o conceito de soberania e seu exercício pelo povo".   

Para Conte, esta abordagem não muda a posição tradicional da Itália dentro da comunidade internacional. "A defesa da paz e dos valores, promover o desenvolvimento e os direitos humanos são metas que compartilhamos com a ONU e queremos continuar a perseguir com coragem e convicção".   

Durante seu discurso, o premier italiano fez questão de relembrar que seu país "salvou a honra da Europa ao acolher milhares de imigrantes, muitas vezes sozinho, durante anos", como tem sido reconhecido pelas próprias instituições da União Europeia. "Os fenômenos migratórios com que medimos nos exigem uma resposta estruturada, multinível e de curto, médio e longo prazo por parte de toda a comunidade internacional. Nesta base, sustentamos o Pacto Global das migrações e refugiados", acrescentou.   

De acordo com Conte, "trata-se de um desafio que pode e deve ser atendido por uma abordagem de 'responsabilidade partilhada', e com parceria entre países de origem, trânsito e destino dos fluxos, tendo em conta a prioridade para garantir a dignidade do povo, mas também com a firme determinação de lutar que essa dignidade e a mesma existência não se refira ao tráfico de seres humanos". "O caminho para um 'multilateralismo efetivo', para o qual todos nós temos que aspirar não pode ignorar, de fato, a necessidade de cada membro da 'família humana' reconhecer nas Nações Unidas uma verdadeira liderança global para olhar com confiança renovada", ressaltou.   

Acordo Nuclear Irã x EUA Segundo Conte, o acordo nuclear entre Estados Unidos e Irã não pode ser abandonado. "Existe uma posição muito clara e conflituosa dos Estados Unidos sobre o acordo para a não proliferação. A Itália está em linha com a UE sobre o Irã", disse.   

À margem da Assembleia da ONU, o premier da Itália se reuniu com o presidente do Irã, Hassan Rouhani, com quem avaliou o estado atual do contexto internacional.   

"A Itália pode contribuir, mantendo essa posição dialógica, para conter uma crise geopolítica que seria muito séria se fosse desencadeada e produziria efeitos em todo o Oriente Médio", advertiu. Crise na Líbia A crise na Líbia também foi abordada pelo premier que afirmou que a Itália sediará, nas próximas semanas, uma conferência para contribuir com a estabilização política libanesa, que enfrenta um cenário de instabilidade. "Esta trajetória será baseada no envolvimento mais amplo dos próprios atores líbios, que continuam sendo os mestres de seu destino, e na centralidade das Nações Unidas, cujo Plano de Ação é o elemento para o qual as contribuições dos principais atores internacionais e regionais convergem".   

Encontro comunidade italiana Antes de seu discurso, o premier da Itália se reuniu com representantes da comunidade do país da bota na sede do consulado italiano em Nova York e afirmou que o "crescimento econômico do país é nosso por direito".   

"Estamos trabalhando para ter um grande futuro. Estou convencido de que, com algumas reformas equilibradas, podemos liberar o potencial econômico da Itália", disse.   

Conte ainda ressaltou ter orgulho dos cidadãos italianos.   

"Devemos ter orgulho de ser italiano. Vocês são embaixadores do nosso país". (ANSA)
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