'Ninguém é estrangeiro', diz papa Francisco em missa a migrantes
Em Cidade do Vaticano
08/07/2019 07h53
Em meio às ofensivas na Europa contra ONGs que fazem resgates no Mediterrâneo, o papa Francisco celebrou hoje, na Basílica de São Pedro, Vaticano, uma missa para cerca de 250 migrantes e voluntários de serviços de acolhimento.
Em sua homilia, o líder da Igreja Católica afirmou que, "para Deus, ninguém é estrangeiro". "Olhe com amor os deslocados, os exilados, as vítimas da segregação, as crianças abandonadas e indefesas, para que a todos seja dado o calor de uma casa e de uma pátria, e a nós, um coração sensível e generoso com os pobres e oprimidos", disse.
Veja também
- Papa pede "corredor humanitário" para ajudar migrantes na Líbia
- Amazônia sofre com mentalidade cega e destruidora que favorece o lucro, diz papa
- Papa pede juízes "isentos de favoritismos", e internet vê referência a Moro
- Papa critica países que fabricam armas e depois não acolhem refugiados de conflitos
A missa ocorreu no aniversário de seis anos da visita do Papa a Lampedusa, ilha italiana que é palco da crise migratória no Mediterrâneo. "Os mais frágeis e vulneráveis devem ser ajudados.
É uma grande responsabilidade da qual ninguém pode se eximir", declarou Francisco, acrescentando que os migrantes são "pessoas".
"Não se trata apenas de questões sociais ou migratórias. Não se trata apenas de migrantes. Os migrantes, antes de tudo, são pessoas humanas e hoje são o símbolo de todos os descartados pela sociedade globalizada", ressaltou.
Jorge Bergoglio ainda lembrou que os migrantes e refugiados são "abandonados no deserto, torturados, abusados e violentados em campos de detenção" e "desafiam as ondas de um mar impiedoso".
"Infelizmente, as periferias existenciais de nossas cidades são densamente povoadas de pessoas descartadas, marginalizadas, oprimidas, discriminadas, abusadas, exploradas, abandonadas, pobres e sofridas", disse.
O Papa também dedicou uma oração aos socorristas do Mar Mediterrâneo, que enfrentam restrições em países da Europa, como Espanha e Itália. A missa aconteceu uma semana após a prisão da alemã Carola Rackete, capitã do navio Sea Watch 3 e que desafiou o ministro italiano do Interior, Matteo Salvini, ao forçar a entrada de uma embarcação com 40 migrantes no porto de Lampedusa.
Após três dias em prisão domiciliar, Rackete foi libertada pela Justiça, mas ainda pode responder a processo por favorecimento à imigração clandestina.