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Tensão entre EUA e China aumenta e países trocam acusações

03/12/2020 11h31

ROMA, 3 DEZ (ANSA) - Pouco mais de um mês antes da posse do novo presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, a tensão econômica e política entre Washington e a China voltou a subir, segundo diversas revelações da mídia do país nesta quinta-feira (03).   

A primeira delas foi a revelação do chefe de contraespionagem da Inteligência Nacional, William Evanina, durante um evento no Aspen Institute, de que Pequim intensificou os esforços para influenciar na próxima administração na Casa Branca, que terá o democrata como presidente.   

Segundo o representante, o governo chinês "tentou se intrometer" tanto na busca do país por uma vacina contra o coronavírus Sars-CoV-2 como nas eleições de 3 de novembro.   

"Nós vimos também um aumento, que já estava planejado e tínhamos previsto, de campanhas de influência da China agora endereçadas para a administração Biden", pontuou.   

Completando Evanina, o chefe da divisão de Segurança Nacional do Departamento de Justiça, John Demers, informou que centenas de pesquisadores chineses com ligações com as Forças Armadas da China foram identificados pelo FBI no último verão no hemisfério norte. Para o líder, as prisões feitas há alguns meses "eram só a ponta do iceberg", considerando que depois das investigações, "mais de mil pesquisadores chineses deixaram seu país".   

- Nova ação de Trump: Em outra notícia, dessa vez divulgada de maneira exclusiva pelo jornal "The New York Times", os Estados Unidos teriam limitado a entrada de membros do Partido Comunista Chinês em território norte-americano.   

A medida é mais uma aplicada pelo governo de Donald Trump, que deixa o cargo em 20 de janeiro, no campo diplomático contra os chineses.   

O jornal informa que obteve a informação do Departamento de Estado e que, com efeito imediato, os vistos dos funcionários diplomáticos e de seus familiares foram reduzidos à duração de um mês e valem apenas para uma entrada no país. Anteriormente, valiam por até 10 anos.   

"Por décadas nós permitimos ao PCC o acesso livre e sem restrições às instituições e às empresas norte-americanas, enquanto esses mesmos privilégios nunca foram dados livremente para os nossos cidadãos na China", disse um porta-voz do Departamento ao "NYT".   

Um dos porta-vozes do Ministério das Relações Exteriores de Pequim, Hua Chunying, afirmou que a limitação imposta pelos EUA "contra os vistos de viagem aos filiados ao Partido Comunista Chinês e aos seus familiares é uma nova escalada de repressão política contra a China por parte de algumas forças antichinesas nos Estados Unidos, extremistas por juízos ideológicos".   

- Algodão: No campo da economia, o governo dos EUA, através da Agência de Proteção de Fronteiras e Alfândega (CBP), informou que sua ordem de retenção e liberação proibiu a entrada no país de algodão e produtos derivados de um dos maiores produtores chineses, o XPCC.   

A empresa fica localizada em Xinjiang, área habitada pela minoria muçulmana uigur, e que vem sendo alvo de denúncias constantes de violações de direitos humanos.   

A porta-voz Chunying também comentou sobre o tema, dizendo que os EUA estão "produzindo notícias falsas sobre os chamados trabalhos forçados" com o objetivo de "limitar e suprimir as empresas de Xinjiang". "A meta é frear o desenvolvimento da China, com violação das regras do comércio internacional, os princípios da economia de mercado e bloquear a cadeia dos fornecimentos. Eles [os trabalhadores] escolhem a ocupação com base nos próprios anseios", acrescentou ainda.   

Durante todo o governo de Trump, mas especialmente em 2020, Washington vem aplicando uma série de sanções econômicas, políticas e diplomáticas contra diversas pessoas ligadas ao poder em Pequim. Os chineses, por sua vez, sempre retaliaram as medidas. (ANSA).   

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