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Em 4ª eleição em 2 anos, Israel vê Netanyahu sem maioria

24/03/2021 08h44

TEL AVIV, 24 MAR (ANSA) - Com cerca de 90% dos votos apurados nesta quarta-feira (24), a quarta eleição em dois anos em Israel parece caminhar para o mesmo cenário de incerteza vistos nas três disputas anteriores: apesar de liderar, o partido ultraconservador Likud, do premiê Benjamin Netanyahu, e seu bloco de direita não terão a maioria absoluta no Parlamento.   

Até o momento, a sigla obteve 30 assentos - contra os 36 da última disputa. Contando com os votos computados dos aliados Yamina (7), Shas (9) e Yisrael Beiteinu (7), a soma chega a 53 - aquém dos 61 necessários para ter uma maioria.   

O centrista Yesh Atid, do líder Yair Lapid, foi o segundo mais votado até agora (17) e continuará a ser o maior opositor de Netanyahu. O Azul e Branco, que tinha conseguido um resultado expressivo nas eleições anteriores e chegou a formar um governo de coalizão com o Likud, despencou na preferência dos eleitores e obteve apenas oito assentos - foram 33 anteriormente. Segundo o jornal "Haaretz", o Nova Esperança pode se aliar ao bloco de Netanyahu, e com seus seis assentos levar grupo para 59. No entanto, as esperanças de formar um governo de maioria e evitar a quinta disputa eleitoral está na Lista Árabe Unida (UAL), que reúne os maiores partidos árabes. Seriam cinco assentos a mais.   

Um dos líderes do Likud, Tzachi Hanegabi, disse que essa "não é a preferência da sigla", mas que isso seria melhor do que ter novamente uma disputa nas urnas. "Nossa preferência é ter 61 membros no Knesset que apoiem as ideias do campo nacionalista e eu espero que isso aconteça", disse à imprensa local.   

Por sua vez, Mansour Abbas, líder da UAL, afirmou que seus correligionários "não estão obrigados com nenhum bloco ou candidato".   

Outro partido que pode se aliar novamente ao governo do Likud é o Bait Yehudi, de Naftali Bennett, que estava no anterior, mas se desentendeu com o atual primeiro-ministro. Com seus oito assentos no Knesset, ele poderia dar uma maioria mais tranquila, mas Bennett afirmou que vai consultar os aliados para verificar se forma um novo governo mais uma vez.   

No entanto, apesar de não ter uma vitória clara, Netanyahu fez um pronunciamento já nesta quarta-feira dizendo que as urnas "deram uma vitória gigantesca para a direita e para o Likud".   

"Está claro que a grande maioria dos cidadãos de Israel é de direita e quer um governo de direita. E isso nós vamos fazer", acrescentou.   

Um fator que surpreendeu muitos analistas foi o fato da vacinação contra a Covid-19, que está em níveis muito avançados no país, não ter pesado na disputa. O cenário com ou sem coronavírus Sars-CoV-2 ficou "intocado" e os israelenses foram votar apenas com foco nas questões políticas.   

Netanyahu está na função de chefe de governo desde 2009, mas, nos últimos anos, uma série de escândalos foi minando a confiança da população em seu líder.   

O premiê está sendo julgado por três crimes: fraude, corrupção e abuso de poder em três denúncias diferentes - que fora unificadas em um único processo. Em duas delas, o primeiro-ministro responde pela "compra" de coberturas de imprensa favoráveis a ele e no terceiro foi acusado de receber presentes de luxo no valor de US$ 200 mil em troca de favores para empresários. (ANSA).   

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