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Vaticano alerta para consequências da Covid na vida das crianças

30 set. 2021 - Vista da Basílica de São Pedro, na Cidade do Vaticano - Mikhail Japaridze/TASS via Getty Images
30 set. 2021 - Vista da Basílica de São Pedro, na Cidade do Vaticano Imagem: Mikhail Japaridze/TASS via Getty Images

22/12/2021 15h48

VATICANO, 22 DEZ (ANSA) - O Vaticano alertou nesta quarta-feira (22) para as consequências dramáticas da pandemia de covid-19 na vida das crianças e adolescentes em todo o mundo, tendo em vista o aumento da exploração e violência contra os menores, e a redução ou suspensão do acesso à instalações educacionais.

Órgãos da Santa Sé consideram que governos, organizações da sociedade civil e a Igreja devem unir-se para aliviar o sofrimento crescente principalmente das crianças mais vulneráveis.

A situação dos menores durante a pandemia é o foco de dois novos documentos do Vaticano e fez o papa Francisco emitir um comunicado reiterando sua posição favorável às vacinas anti-covid.

De acordo com Jorge Bergoglio, a vacinação é "um ato de amor", uma vez que tem como objetivo proteger as pessoas contra o vírus. Além disso, o religioso "reiterou a exigência de que a comunidade internacional intensifique ainda mais os esforços de cooperação, a fim de que todos tenham acesso rápido às vacinas, não por uma questão de conveniência, mas de justiça", diz o comunicado.

Nos documentos são elencados os desafios urgentes que precisam ser resolvidos, como acesso à escola, impacto sobre a saúde mental e social, bem como a vulnerabilidade das crianças que ficaram órfãs por causa do coronavírus. A Santa Sé alerta ainda para os traumas, luto familiar e a grave realidade do abuso psicológico e sexual durante o lockdown.

"A pandemia da covid-19 empurrou muitas crianças para a pobreza severa, deixando tantas sem pais ou entes queridos para cuidar delas. Em todo o mundo, a exploração e a violência contra as crianças aumentou e o acesso a estruturas educativas foi reduzido ou suspenso", diz o texto.

Segundo o documento, "o aumento repentino da pobreza extrema em todo o mundo, a crescente insegurança alimentar e as medidas de contenção dos governos colocaram uma pressão sobre as famílias" e as deixaram sem "tempo para se prepararem para a morte ou doença prolongada de pais e cuidadores".

"Os relatos de violência, abuso e exploração de crianças aumentaram dramaticamente, desde o início da pandemia, sendo que as adversidades enfrentadas pelas comunidades mais pobres são desproporcionais", acrescenta.

O relatório "A pandemia e o desafio da educação - crianças e adolescentes em tempo de covid-19" é o documento publicado pela Pontifícia Academia para a Vida e fala da chamada "pandemia paralela".

Além das questões clínicas, o estresse psicossocial em crianças e jovens pelas circunstâncias da pandemia causaram patologias, com consequências diversas dependendo da idade e das condições sociais e ambientais, explica o texto.

Entre os pontos abordados estão os recursos de crianças e adolescentes na época de Covid e outros quatro desafios graves e urgentes: a abertura das escolas, a proteção das relações familiares, a educação à fraternidade universal e a transmissão da fé no Deus da vida.

Já o segundo relatório, "Crianças e Covid-19", foi feito pela Comissão Vaticana covid-19, ligada ao Dicastério para o Serviço de Desenvolvimento Humano Integral.

O texto mostra alguns dados, como a estimativa de que mais de 5 milhões de crianças perderam um dos pais, avós ou tutor secundário para a covid-19 até 30 de setembro de 2021. Os pequenos são afetados também pelo aumento da pobreza, da insegurança alimentar, de atrasos na educação, além de violência e exploração.

"Isso significa que uma criança perde um pai ou pessoa de referência a cada 12 segundos", afirma o documento, ressaltando que as "estimativas conservadoras sugerem que, nos próximos anos, mais milhões de crianças sofrerão essas perdas e correrão maior risco de cair na pobreza, permanecer sem cuidados familiares, serem colocadas em orfanatos e terem reduzido o acesso à educação".

Para o Vaticano, "as meninas correm um risco enorme", principalmente porque "cerca de 10 milhões de meninas correm o risco de casar-se prematuramente devido à pandemia, e inúmeros relatos falam de um aumento da gravidez infantil".

Por fim, o documento cita algumas linhas de ação, incluindo uma distribuição justa de vacinas, o reforço dos sistemas que promovem o cuidado das crianças dentro da família, além da transferência de dinheiro para os pobres com programas complementares e proteger as crianças.

O documento completo está disponível no site da Santa Sé em quatro idiomas: italiano, francês, inglês e espanhol. (ANSA)