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Pai confessa assassinato de jovem paquistanesa na Itália

23/09/2022 10h21

REGGIO EMILIA, 23 SET (ANSA) - Pouco mais de um mês depois do desaparecimento da paquistanesa Saman Abbas, 18 anos, em Novellara, na Itália, o pai da jovem, Shabbar Abbas, confessou o assassinato da filha em um telefonema a um parente que ainda mora no país europeu.   

A informação consta nos autos do processo que está em andamento em Reggio Emilia e que foram revelados nesta sexta-feira (23).   

Segundo as informações oficiais, Shabbar telefonou para a pessoa no dia 8 de junho de 2021, quando já havia fugido para seu país natal com a esposa, Nazia Shaheen, logo depois do sumiço da jovem em 31 de abril.   

"Para mim, a dignidade dos outros não é mais importante que a minha. Eu deixei meu filho [menor de idade] na Itália. Eu matei a minha filha e vim para cá, não me importa nada de ninguém. Eu já estou quebrado, eu estou morto, eu a matei e a matei por minha dignidade e minha honra", disse ao homem.   

Em outro momento da interceptação, Shabbar se contradiz e solta um "nós a matamos", sem dar nomes específicos.   

As investigações apontam que o genitor de Saman teria cometido o crime com a ajuda de um tio da jovem, Danish Hasnain, e dois primos, Ikram Ijaz e Nomanhulaq Nomanhulaq, todos já detidos. Já a mãe não teria participado do assassinato em si, mas teria sido a responsável por atrair Saman de volta para casa.   

A paquistanesa morou entre outubro e abril em um abrigo de proteção social após ter denunciado os pais por tentarem forçar um casamento arranjado. No entanto, na noite do crime, a mãe enviou um SMS pedindo perdão e dizendo para ela voltar para casa.   

Ainda conforme os autos, os familiares teriam ficado indignados e planejado o assassinato após verem uma foto da jovem dando um beijo no seu namorado, que não era aprovado pela família.   

Até hoje, o corpo de Saman nunca foi encontrado pelas autoridades italianas. O irmão menor de idade, que também afirmou aos policiais que foram os familiares que mataram a jovem, vive hoje em um abrigo. Já Shabbar e Nazia têm contra si uma ordem de prisão internacional, mas o governo do Paquistão nunca se manifestou em apoiar a deportação do casal. (ANSA).   

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