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Acordo de exportação de grãos entre Rússia e Ucrânia é renovado

17/11/2022 12h17

ISTAMBUL, 17 NOV (ANSA) - A Rússia e a Ucrânia, com intermédio da Turquia e das Nações Unidas, renovaram por mais 120 dias o acordo que permite a exportação de grãos de três portos ucranianos via Mar Negro, confirmaram as partes nesta quinta-feira (17). O pacto atual terminaria daqui a dois dias.   

O primeiro a se manifestar foi o ministro de Infraestrutura da Ucrânia, Oleksandr Kubrakov, que afirmou que a medida "é um outro importante passo na luta mundial contra a crise alimentar".   

Pouco depois, o vice-ministro das Relações Exteriores da Rússia, Aleksandr Pankin, afirmou à agência de notícias Tass que seu país está "dando sinais" de que não vai se apressar para "cortar" o acordo.   

"O acordo é considerado uma iniciativa sobre a exportação dos grãos no Mar Negro pelos portos ucranianos, mas na realidade há uma outra parte, registrada pelo Secretariado das Nações Unidas, sobre a assistência à Rússia na exportação sem obstáculos de fertilizantes e comida nos mercados internacionais", disse Pankin.   

Apesar das reclamações de Moscou, as sanções ocidentais contra o governo não afetam os setores de alimentação russos.   

Quem também confirmou a renovação foi o presidente da Turquia, Recep Tayyp Erdogan, em entrevista à agência de notícias local Anadolu.   

Segundo o mandatário, desde que o acordo foi assinado em julho, mais de 11 mil toneladas de grãos e outros produtos alimentares foram exportados dos portos ucranianos. Erdogan ainda agradeceu seu homólogo russo, Vladimir Putin, por sua "vontade e contribuição" à renovação.   

Logo depois foi a vez do secretário-geral da ONU, António Guterres, celebrar o andamento do acordo por mais quatro meses.   

O representante afirmou, em nota oficial, que "está plenamente empenhado em remover os obstáculos que impedem as exportações de produtos agrícolas e fertilizantes da Federação Russa".   

Quem também se manifestou foi a União Europeia.   

A presidente da Comissão, Ursula von der Leyen, ressaltou que a renovação "ajuda a evitar a crise alimentar mundial e a baixar os preços dos produtos alimentares mesmo com a guerra feita pela Rússia". Já o líder do Conselho Europeu, Charles Michel, destacou que essa "é uma boa notícia para o mundo que tem uma necessidade desesperada de acesso a cereais e fertilizantes".   

O acordo fechado em 22 de julho entre Ucrânia e Rússia liberou um corredor humanitário no Mar Negro, que estava "fechado" para navegação por conta da presença da marinha russa desde o dia 24 de fevereiro - quando os russos iniciaram a invasão.   

A medida beneficia, especificamente, três portos: Odessa, Pivdennyi e Chornomorsk. Os locais ficaram estocando milhares de toneladas de grãos produzidos nas regiões ucranianas por conta da interrupção nas exportações.   

Da Ucrânia, os navios devem se dirigir até a Turquia, onde são inspecionados por um grupo internacional formados pelas quatro partes envolvidas nas negociações, e de lá partem para seu destino final.   

Países que recebem cargas - Nesta quinta-feira, o Centro Studi Divulga publicou um levantamento sobre como o acordo tem funcionado na prática desde o dia 23 de julho. O porto de Chornomorsk é o que mais registrou saídas (41,4% do total), seguido por Pivdennyi (32,8%) e Odessa (25,8%).   

O país que mais recebeu os produtos é a Espanha (19%), seguida por Turquia (13%), China (11%) e Itália (9%). Para os italianos, chegaram 157 mil toneladas de trigo (5% do total que deixou a Ucrânia), 624 mil toneladas de milho (14%) e 46 mil toneladas de óleo de girassol (7%).   

O estudo ainda mostrou que 41% do trigo, especialmente o do tipo mole, foram para países asiáticos, 33% para a Europa e 26% para nações africanas.   

Especificamente, 25% do trigo ucraniano foi para a Espanha, 18% para a Turquia, 9% para Bangladesh e 5% para Itália, Tunísia, Argélia e Indonésia.   

Os países europeus são os que mais se beneficiam com a exportação de milha: das 4,4 milhões de toneladas do produto, a UE recebeu 60%. Outros 30% foram para a Ásia e 10% para a África. (ANSA).   

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