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Conheça a livraria criada por poeta em vilarejo na Toscana

16/02/2023 17h35

BARCELONA, 16 FEV (ANSA) - Por Mónica Uriel - A poetisa florentina Alba Donati deixou sua vida urbana para abrir uma livraria em sua cidade natal, Lucignana, na Toscana, com 180 habitantes, onde vêm pessoas de toda a Itália por considerá-la um lugar "mágico", conta à ANSA por ocasião da publicação em espanhol do romance em que narra esta "fábula".   


A "Libreria sopra La Penna", uma "cabana literária" como ele gosta de chamar, está entre as 20 livrarias mais fascinantes da Europa e seu livro "A Livraria da Colina" (Lumen), publicado no ano passado na Itália, chegará às telas depois de um contrato que acaba de assinar com a produtora Fandango.   


O livro já foi traduzido para francês e inglês e chegará em breve à Alemanha, Albânia e Tailândia, enquanto a livraria, inaugurada em 2019, que acomoda apenas quatro clientes, é frequentada por pessoas de toda a Itália.   


Donati atribui o sucesso do livro, "uma fábula do nosso tempo", ao fato de "dizer adeus a uma vida estressante em Florença, iluminar-se dentro de si para entender quais são realmente os nossos desejos. Tentamos realizá-los antes de morrer, ao menos identificamos e, se tivermos sorte, os executarmos".   


Esse foi o caso dela, em que "as ideias se apresentam ao final de uma jornada em que tantos fios se juntaram: uma menina que lia, e não por acaso quando cresci me dediquei ao mundo editorial, e depois querendo fazer alguma coisa para melhorar as condições, também culturais, da minha cidade, e todos esses fios se juntaram para que nascesse esta livraria", acrescenta.   


Ela queria "revalorizar a nível cultural Lucignana, onde existe um cinema abandonado ao estilo Cinema Paradiso (filme de Giuseppe Tornatore), e percebi que não havia livraria num raio de 20 ou 30 quilômetros".   


Além disso, Lucignana "não é uma cidade em risco de desaparecer, mas está cheia de jovens de 30 a 40 anos com crianças".   


Em abril de 2019, iniciou então um crowdfunding para concretizar o seu desejo, que não sonha, diz, de abrir a livraria, uma casinha perto da floresta com jardim, o que conseguiu em dezembro desse ano. Um mês depois, um incêndio o destruiu e ela teve que comprar novamente todos os livros queimados.   


Atualmente, existem cerca de 700 livros e nas mesas do jardim as pessoas podem sentar-se e olhá-los antes de decidirem se os querem comprar.   


Em agosto, passaram pela livraria mil pessoas, 3 mil de junho a setembro. Ela pergunta às pessoas que vêm da Sicília, por exemplo, por que vão para lá. "E o que as pessoas mais repetem é porque é um lugar mágico", diz.   


As estantes dedicadas aos livros escritos por mulheres são "o dobro" das dedicadas aos homens porque "agora há muitas mulheres que escrevem muito bem, porque ficaram em silêncio durante séculos e agora têm muitas coisas para contar".   


A livraria tem ainda uma seção de objetos literários, como as meias de Jane Austen ou os calendários de Emily Dickinson, e organiza chás literários e até um festival literário.   


Donati agora conseguiu se livrar de algo que sempre a preocupou, "traição do leitor" que ama e, ao contrário, é um engano.   


Ela já tem planos de ampliar a livraria com a casa de quatro andares ao lado do jardim, desabitado há um século, que acaba de comprar, e onde colocará mais livros e fará dela um ponto de encontro no inverno, já que não há pessoas da cidade em um bar, "onde se pode tomar chá enquanto se lê livros".   


Assim, também terá um espaço para oferecer mais livros de ensaio, pois "de vez em quando entram homens e me perguntam se eu tenho livros de homem".   


Além disso, ela tem previsto, enquanto continua a escrever poesia (é autora das coletâneas de poemas "La repubblica contadina", "Non in mio nome" e "Idilio con cagnolino"), de dar continuidade a "A livraria da colina", porque leitores, de quem recebe milhares de cartas, "estão me pedindo", e lá vai contar a aventura do novo espaço. (ANSA).   


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