Crise climática pode deixar parte de Veneza submersa em 2150

SÃO PAULO, 18 JUN (ANSA) - Um estudo realizado pelo Instituto Nacional de Geofísica e Vulcanologia da Itália (INGV) apontou que o nível da água na Lagoa de Veneza, que banha o centro histórico da cidade, cresce em média cerca de meio centímetro por ano, o que pode deixar boa parte da cidade submersa em 2150.   

A pesquisa, realizada em colaboração com instituições do Chipre e da Holanda, foi publicada na revista científica "Rendiconti Lincei" e reforça o alerta sobre os efeitos da crise climática em uma das joias turísticas da Itália.   

As medições mostram que o aumento do nível de água por ano nos três acessos da Lagoa de Veneza ao Mar Adriático varia entre 4,22 (Lido) e 5,91 milímetros (Chioggia). Já o índice na estação maregráfica de Punta della Salute, em pleno Canal Grande, é de 4,38 mm/ano.   

A partir desses dados e usando diferentes cenários de emissões de gases do efeito estufa e derretimento das calotas polares, os cientistas estimaram que o aumento do nível da água na Punta della Salute em 2150 pode chegar até 150 centímetros.   

Esse cenário seria suficiente para cobrir a Praça San Marco, coração de Veneza, e as partes mais baixas da cidade com 70 centímetros de água, mesmo com o acionamento do Mose, sistema de barreiras que hoje protege o centro histórico de inundações.   

Em entrevista à ANSA em 2019, o engenheiro Alberto Scotti, "pai" do Mose, disse que uma elevação marítima em função do efeito estufa acima de 60 centímetros já tornaria as comportas obsoletas.   

"Mostramos a fragilidade das costas mediterrâneas diante dos efeitos do aumento do nível do mar e de eventos meteorológicos extremos desencadeados pelo aquecimento global associado às atividades humanas", diz o estudo, cujo autor principal é o pesquisador Marco Anzidei, do INGV.   

"A elevação do nível do mar causa erosão costeira cada vez mais severa e generalizada, recuo das praias e inundações marinhas com impactos ambientais e socioeconômicos muito importantes nas populações costeiras", afirma Anzidei. (ANSA).   

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