Kennedy Alencar

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Opinião

Tratar mercado como inimigo não ajuda Lula a melhorar a economia

O colunista Kennedy Alencar afirmou, no Análise da Notícia desta quarta (26), que a postura do presidente Lula (PT) de tratar o mercado como inimigo não vai ajudar a melhorar a economia do país.

Tratar o mercado como inimigo não ajuda o Lula a melhorar a economia. Se a gente pegar a entrevista [ao UOL], Lula fala que o mercado precifica a desgraça, só pensa no lucro, não pensa no cara debaixo da ponte. É verdade, o mercado está interessado em lucrar e a gente sabe que qualquer chifre em cabeça de cavalo serve para um movimento especulativo no mercado.

A gente viu que na hora da entrevista o dólar subiu e a Bolsa caiu, mas o que aconteceu na hora foi exatamente a reação, foi essa, de um Lula agressivo com o mercado. O presidente interessa para ele, guiar as expectativas econômicas, interessa para ele de certa forma ser um operador do próprio mercado. O mercado opera as expectativas, no boletim Focus, quando faz o terrorismo fiscal dele. O presidente da República, cujas palavras são muito poderosas, tem que guiar um pouco as expectativas, tem que saber que, ao dizer algumas coisas, elas vão ter um efeito negativo.

Kennedy avaliou que o presidente Lula está correto nas críticas que faz, mas cometeu erros na forma de falar.

Eu acho que, no mérito, o Lula tá correto em críticas que ele faz. Agora, na forma ele erra, dá um tom de palanque, de birra, que o presidente não precisa dar. Depois de tudo que o Lula passou, tá no terceiro mandato dele, com 78 anos de idade, é respeitado internacionalmente, eu acho que precisava dar uma dosada.

Uma coisa é criticar o Campos Neto. Você tem um embate concreto. Tem um Banco Central autônomo. A gente fez uma entrevista com a Mônica de Bolle na semana passada, e ela disse claramente que havia espaço pra uma queda de juros. O que aconteceu é que ela foi mantida num patamar muito alto. Então uma coisa é você ter uma divergência com o Campos Neto, acho que o Lula tinha que até dosar um pouco como tratar isso, o discurso dele nas divergências com o Campos Neto, mas com o mercado acaba sendo uma bobagem.

Kennedy ressaltou que a atuação política do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, tem deixado o presidente Lula bastante irritado.

O Lula tá muito incomodado porque ele faz um governo com responsabilidade da economia. O Haddad é um baita ministro da Fazenda responsável, não é um Paulo Guedes, que era um ministro da Fazenda de araque, mesmo assim, convive com o terrorismo fiscal, que o mercado faz o tempo todo, e tem um duelo aí com o Banco Central em torno da taxa de juros.

A gente tem visto isso, tem visto uma atuação política do Campos Neto. Isso tem deixado o Lula bastante chateado e contrariado, e ao contrário do primeiro mandato dele, que ele tinha figuras ali como o Palocci e o Meirelles e tal, ele com a Haddad tem uma relação diferente, e ele mesmo disse, tá no terceiro mandato, tá com 80 anos, já viu muita coisa, já governou com essa responsabilidade fiscal antes, então tá um pouco cansado dessas cobranças do mercado que acaba influenciando os rumos da economia. Kennedy Alencar, colunista do UOL.

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O Análise da Notícia vai ao ar às terças e quartas, às 13h e às 14h30.

Onde assistir: Ao vivo na home UOL, UOL no YouTube e Facebook do UOL.

Veja abaixo o programa na íntegra:

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Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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