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Água invade centro financeiro de Brisbane; moradores buscam mantimentos

Ricardo Calil

De Melbourne

12/01/2011 11h01

Moradores de Brisbane, a terceira maior cidade da Austrália, cujo centro financeiro foi invadido do pela água do rio que corta a região, estão correndo aos supermercados para estocar mantimentos.

A região enfrenta a sua pior enchente desde 1893. A policia já interditou mais de 2 mil ruas em 50 bairros da cidade, que é capital do Estado de Queensland.

A previsão é de que mais de 30 mil casas e lojas devem ficar submersas pelo rio Brisbane. Autoridades acreditam que o nível do rio deve atingir 5 metros e meio acima da sua vazão normal nesta quinta-feira.

Os moradores correram aos supermercados nessa quarta-feira para comprar comida e água, deixando as prateleiras praticamente vazias. A prefeitura pede à população que poupe água, pois a principal adutora que abastece a cidade está danificada, cortando o fornecimento pela metade.

O governo decretou zona de desastre natural em três quartos de Queensland. Segundo estatísticas oficiais, 13 pessoas já morreram e 51 estão desaparecidas, enquanto outras nove estão internadas em estado grave nos hospitais da cidade.

Em Ipswich, a polícia encontrou, no final da tarde desta quarta-feira, o corpo de um homem de 50 anos, dentro do seu carro. A polícia acredita que ele foi arrastado pela correnteza do rio, que invadiu um terço da cidade.

Luz e água cortados

Por medida de segurança, a energia elétrica e o gás foram cortados em todos os bairros sob risco de submersão. O transporte público foi suspenso, assim como a coleta de lixo.

O aeroporto da cidade é um dos poucos locais onde os serviços parecem funcionar normalmente, sem maiores prejuízos com pousos e decolagens.

O estádio de futebol Suncorp, com capacidade para 52, 5 mil espectadores, está fechado por tempo indeterminado. O gramado, que era um dos melhores da Austrália, está sob 2 metros de água. A piscina olímpica do local também está danificada, num prejuízo calculado em 150 milhões de dólares australianos (R$ 250 milhões).

Já o Queensland Tennis Centre, onde foi disputado um torneio internacional de tênis na semana passada, submergiu.

A primeira-ministra australiana, Julia Guillard, classificou nesta quarta-feira o desastre como de escala “incompreensível”. Ela pediu às pessoas que ajudem seus vizinhos.

“Se existe algum vizinho na sua rua que você já não vê há algum tempo, vá até a casa dele, bata na porta e cheque se está tudo bem”, afirmou.

“Evento turístico”

Apesar do alerta da governadora de Queensland, Ana Bleigh, para que as pessoas não saiam de casa (“isto não é um evento turístico”, disse ela), muitas pessoas aproveitaram a manhã de sol para ver de perto a cheia do rio Brisbane.

Outros moradores retiravam móveis e pertences de suas casas, em busca de um lugar mais seguro.

O ministro da Defesa, Stephen Smith, afirmou que as forças armadas vão ceder mais helicópteros para ajudar no resgate das pessoas isoladas pelas enchentes, bem como no transporte de água e mantimentos para as localidades alagadas.

Até o momento, 14 helicópteros e um avião Hércules C 130 ajudam nas operações de socorro. A governadora de Queensland deverá dizer quantos helicópteros serão necessários, para que então eles sejam deslocados da base da Força Aérea, em Amberley.