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Líder da oposição pede fim de sanções contra Costa do Marfim

08/04/2011 04h20

O líder reconhecido internacionalmente como presidente eleito da Costa do Marfim pediu que a União Europeia levante sanções contra o país para impulsionar a economia em crise.

"Pedi que as sanções da União Europeia contra os portos de Abidjan e San Pedro, e contra certas entidades públicas, sejam levantadas", disse Alassane Ouattara, apontado pela ONU, a UE e os Estados Unidos como o vencedor das eleições de novembro.


As restrições têm como objetivo reduzir a receita do governo de Laurent Gbagbo, que se recusa a deixar o poder apesar da derrota nas eleições.

A Costa do Marfim é o maior produtor mundial de cacau, indústria que tem sido duramente prejudicada pelas turbulências e incertezas que o país atravessa.

Ouattara, que lançou uma ofensiva contra as forças de Gbagbo no mês passado, controla a cidade portuária de San Pedro, um centro de exportação de cacau.

Mas suas tropas ainda batalham pelo controle da principal cidade marfinense, Abidjan, onde Gbagbo permanece entrincheirado na residência oficial.

Agências humanitárias alertam para uma possível deterioração das condições humanitárias em Abidjan, onde os cerca de quatro milhões de moradores estão evitando sair de suas residências.

Em meio aos combates, a população já enfrenta interrupções no fornecimento de alimentos e carência de recursos básicos, como água e energia elétrica.


Ouattara afirmou que o Banco Central reabrirá algumas agências bancárias - fechadas há meses - no país e o Exército colocará em prática uma operação para garantir o fornecimento de remédios para os hospitais e comida para os mercados.

Pressão

Enquanto isso, partidários de Gbagbo dizem que ele "não cederá".

"É uma questão de princípios. O presidente Gbagbo não é um monarca. Não é um rei. Não é um imperador. É um presidente eleito pelo seu povo", disse um de seus conselheiros, Toussaint Alain, que vive em Paris.

Desde a eclosão da violenta disputa entre forças leais a Ouattara e Gbagbo, forças da ONU e da França, antiga potência colonial da Costa do Marfim, entraram no país a fim de tentar manter a segurança em Abidjan, sob mandato de uma resolução do Conselho de Segurança da ONU.

A França é um dos paises que mais vêm pressionando pela saída de Gbagbo, mas o ministro francês das Relações Exteriores, Alain Juppé, disse que os soldados de seu país não participam da ofensiva de forças pró-Ouattara.

O ministro francês da Defesa, Gerard Longuet, disse que Gbagbo tem menos de mil soldados a seu lado no momento.

A Corte Criminal Internacional disse que investigará queixas de abusos contra os direitos humanos contra ambos os lados no conflito.

Uma porta-voz da ONU para assuntos humanitários, Elisabeth Byrs, disse que há grupos rebeldes "que não sabem de que lado estão, saqueando não apenas residências privadas, mas também estoques de ajuda humanitária".