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Líder checheno defende proibição de WhatsApp para casadas após polêmica sobre poligamia

A noiva Kheda Goilabiyeva, 17 (centro), após o casamento com o chefe da política da Chechênia Nazhud Guchigov, 46, em Grozny - AP
A noiva Kheda Goilabiyeva, 17 (centro), após o casamento com o chefe da política da Chechênia Nazhud Guchigov, 46, em Grozny Imagem: AP

20/05/2015 08h56

O líder da Chechênia, Ramzan Kadyrov, defendeu que homens impeçam suas mulheres de usar o aplicativo WhatsApp após uma polêmica sobre um casamento aparentemente forçado ter se espalhado pelo serviço de troca de mensagens.

"Tranquem as mulheres, não deixem que saiam, e elas não vão postar nada", disse ele.

Antes, Kadyrov havia defendido o casamento de um chefe de polícia com uma adolescente de 17 anos, apesar de ele já ser casado, em uma aparente violação das leis russas.

Depois disso, seu chefe de gabinete propôs a legalização da poligamia na Chechênia.

Kadyrov, um líder autoritário e aliado do presidente russo, Vladimir Putin, tornou ilegal, nos últimos anos, tanto o sequestro de noivas como o casamento com crianças e adolescentes.

O Código Civil russo, de acordo com o jornal The Moscow Times, estabelece 18 anos como a idade mínima para o casamento, mas permite o casamento aos 16 em casos excepcionais.

Ele, no entanto, foi contra as próprias premissas ao endossar o casamento do chefe de polícia com uma garota de 17 anos. Segundo a agência de notícias AFP, a garota foi questionada três vezes antes de dizer o "sim".

Acredita-se que o líder checheno seja a favor da poligamia.

"Tem de estar de acordo com a Sharia: mas se um homem pode sustentar mais de uma mulher, por que não?", disse seu principal assessor, Magomed Daudov.

A maioria das pessoas na Chechênia, um república russa do Cáucaso, são muçulmanas.

"Honra da família"

Antes do casamento, a mídia local noticiou que o chefe de polícia Nazhud Guchigov, 47, impediu a noiva, Kheda Goylabiyeva, de deixar a casa dela e ameaçou sua família com represálias se eles não a entregassem.

A mídia local afirma que Kadyrov, que virou líder da Chechênia em 2007 com o apoio do Kremlin, deu benção pessoal ao casamento.

Kadyrov falou sobre a discussão sobre o casamento no WhatsApp na TV estatal local.

"Parem. Comportem-se como chechenos", disse, de acordo com a imprensa. "A honra da família é a coisa mais importante."

"Não escrevam este tipo de coisa. Homens, tirem suas mulheres do WhatsApp."

Na semana passada, ele usou sua conta no Instagram para criticar a cobertura da mídia russa do casamento como "esse alvoroço a mando de liberais".

"Os pais da menina concordaram com o casamento", disse, argumentando que relatos contrários eram mentirosos.