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Por que milicianos brancos armados tomaram reserva ambiental nos EUA?

Miliciano atua em estrada no Malheur National Wildlife Refuge, próximo a Burns, no Oregon (EUA) - Jim Urquhart/Reuters
Miliciano atua em estrada no Malheur National Wildlife Refuge, próximo a Burns, no Oregon (EUA) Imagem: Jim Urquhart/Reuters

05/01/2016 10h09

Com cópias da Constituição americana nas mãos e se dizendo desarmados, dois homens receberam a reportagem da BBC em um parque nacional no Estado americano do Oregon.

A polícia, entretanto, avisou sobre a presença de homens armados dentro do Malheur National Wildlife Refuge, reserva florestal estabelecida pelo presidente Theodore Roosevelt em 1908, onde, desde sábado, integrantes de uma milícia antigoverno ocupam escritórios federais.

O local, popular entre observadores de pássaros, parece um improvável palco de conflitos ou de opressão por parte do governo. Mas os homens que estão ali - milicianos ativistas engajados em protestos contra o que veem contra ingerência do governo - dizem justamente que o governo federal extrapolou sua autoridade e não tem direito àquela terra.

A disputa, que ganhou os noticiários nacionais, começou com a prisão de dois fazendeiros, com terras que fazem fronteira com o parque, condenados por incêndios criminosos.

Dwight Hammond, 73, e seu filho Steven, 46, foram condenados em 2012 e cumpriram pena por incêndio criminoso em terreno federal, mas a Justiça decidiu que as sentenças originais eram muito curtas e que eles terão que voltar à prisão.

Eles dizem que provocaram incêndios para conter animais selvagens.

A família já se distanciou do grupo de milicianos que ocupou a reserva florestal e diz que irá cumprir a decisão. Mas os milicianos afirmam que os valores fundamentais dos EUA foram traídos, que planejam ficar ali por anos e que farão uso da violência caso a polícia tente expulsá-los de lá.

"Queremos que esse seja um lugar-base para que patriotas de todo o país venham e se abriguem aqui. E nós planejamos ficar por aqui", afirma Ammon Bundy, líder da ocupação.

Membros do grupo fizeram apelos para que fazendeiros do país inteiro pegassem em armas e se juntassem a eles. Eles defendem - em entrevista ao jornal The Oregonian - o fechamento do parque nacional e o retorno de fazendeiros que tinham sido expulsos pelas autoridades do local.

Mas outros moradores da região estão insatisfeitos - placas com "Milícia volte para casa" foram espalhadas pelo local.

Críticos da ocupação estão pedindo que as autoridades federais intervenham e acabem com a ocupação. Eles acusam os invasores de serem terroristas domésticos, usando a força para impor sua vontade.

Nas redes sociais também houve críticas, principalmente pelo fato de a polícia não ter interferido ainda, apesar de o parque ser propriedade do governo federal.

Muitos tuítes questionam se a reação seria a mesma caso os invasores fossem negros.

"Perdi a Guarda Nacional no Oregon? Lembro deles em Ferguson e Baltimore [onde atuaram em protestos após morte de jovens negros], escreveu o usuário @Rolandsmartin.

Os invasores dizem que não querem machucar ninguém, mas afirmaram que não descartam usar violência se a polícia tentar tirá-los dali, de acordo com o jornal "Oregonian".