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Como Hillary Clinton conquistou o voto negro para obter vitória folgada na Carolina do Sul

Hillary Clinton acena para simpatizantes após campanha em Columbia, na Carolina do Sul - Nicholas Kamm/AFP
Hillary Clinton acena para simpatizantes após campanha em Columbia, na Carolina do Sul Imagem: Nicholas Kamm/AFP

28/02/2016 07h42

"Se pudessem, votariam por um terceiro mandato de Barack Obama". A frase do comentarista da rede CNN reflete a popularidade do presidente dos EUA entre a população afroamericana.

Mas como Obama não poderá ser reeleito no pleito de 8 de novembro, o voto negro, majoritariamente democrata, parece estar consolidado a favor de Hillary Clinton.

A ex-secretária de Estado alcançou neste sábado uma vitória contundente sobre Bernie Sanders nas primárias democratas da Carolina do Sul, com 75% dos votos.

O triunfo se explica, sobretudo, pelo apoio da população afroamericana.

Segundo pesquisas de boca de urna, 87% dos negros votaram em Hillary, que se consolida como favorita para ser a candidata democrata, após vencer três das quatro primárias realizadas até agora.

Seis de cada dez eleitores nas primárias de sábado eram afroamericanos, e 70% deles afirmaram apoiar a continuidade das políticas de Obama, o primeiro afroamericano a ocupar a Casa Branca.

Legado de Obama

Ciente do papel chave do voto negro, Clinton fez uma espécie de imersão na cultura do sul do país nos últimos dias, mas principalmente acolheu o legado de Obama, seu rival nas primárias de 2008 e com quem trabalhou como secretária de Estado de 2009 a 2013.

"Espero que continuemos construindo sobre as conquistas do presidente Obama", disse Hillary na noite de sábado, em discurso de celebração da vitória na Carolina do Sul.

Sanders fez críticas e elogios ao falar de Obama, enquanto Hillary se colocou como sucessora das políticas liberais e reformistas do atual presidente.

Isso agrada ao eleitorado afroamericano, que sempre teve forte relação com Hillary durante sua trajetória como primeira-dama, senadora por Nova York e secretária de Estado.

Sanders, por outro lado, é senador por Vermont, Estado de pouca presença afroamericana.

Hillary procura se espelhar em Obama em quase tudo. "Os melhores anos dos Estados Unidos ainda estão por vir", afirmou ela no sábado, em mensagem de esperança ao estilo Obama.

Outra frente que a candidata soube explorar para ganhar o voto negro foi a presença com mães de jovens negros que morreram em casos polêmicos de enfrentamento com a polícia ou violência armada, como Trayvon Martin e Eric Garner.

Episódios de mortes de jovens negros nos últimos meses provocaram uma onda de protestos entre a comunidade afroamericana dos EUA, bem como a criação do grupo Black Lives Matter (Vidas Negras Importam).

"Quero homenagear cinco mulheres extraordinárias que percorreram o Estado comigo e para mim. Cinco mães unidas pela tragédia", afirmou Hillary diante das apoiadoras.

Segundo pesquisas, a vitória de sábado pode ser apenas o prenúncio de um grande triunfo de Hillary na chamada "Super Terça" desta semana.

A população negra representa a maioria dos democratas do sul do país, e voltará a ser chave em Estados como Georgia, Alabama, Tennessee, Texas e Virginia, que fornecem um número alto de delegados para a eleição de novembro.

Haverá primárias em 11 Estados nesta terça, o que pode oferecer um panorama claro da corrida democrata.

Se Clinton voltar a vencer com ampla margem nos Estados do Sul, começará a se distanciar de Sanders, cujo êxito entre eleitores brancos e jovens pode não ser suficiente diante da predominância de Hillary entre negros e hispânicos.

Essas duas últimas minorias, cada vez mais importantes e sempre inclinadas ao lado democrata, foram essenciais nas vitórias de Obama em 2008 e 2012.

http://tvuol.uol.com.br/video/eleicoes-presidenciais-americanas-entenda-as-primarias-e-a-votacao-04024D9A336EC0A95326