Irma atinge Flórida com ventos acima de 200 km/h; partes de Miami estão debaixo d'água
Depois de deixar um rastro de destruição no Caribe, onde matou pelo menos 27 pessoas, o furacão Irma atingiu neste domingo a Flórida com ventos de até 209 km/h.
A tempestade é a mais potente registrada no Atlântico na última década. Segundo o Centro de Furacões dos EUA, o Irma perdeu força e foi rebaixado para a categoria 4, em uma escala que vai até 5.
Apesar disso, 6,3 milhões de pessoas já foram evacuadas na Flórida. Mais de 1,4 milhão de casas estão sem eletricidade.
O Irma deve atingir a costa oeste da Flórida nas próximas horas; inicialmente, se pensava que o litoral leste do Estado seria atingido, mas o furacão mudou de rota.
Algumas partes de Miami, como o distrito financeiro, já estão debaixo d'água.
Antes de chegar à Flórida, o furacão causou estragos por onde passou no Caribe.
Em Cuba, a governadora da província de Camagüey, Isabel González Cárdenas, afirmou que a tempestade já causou estragos em quase todas as cidades da região.
Algumas comunidades ficaram sem eletricidade e o contato com aldeias em áreas remotas foi cortado, explicou o Will Grant, correspondente da BBC em Havana.
Na quinta-feira, o governo já havia começado a evacuar a população que vive em áreas de alto risco, principalmente nas províncias do centro e do leste da ilha, áreas próximas à rota do furacão.
Segundo a agência de notícias AFP, a operação afetou cerca de 1 milhão de pessoas. Entre elas, havia ao menos 51 mil turistas, incluindo 36 mil que estavam hospedados nas minúsculas ilhas de Cayos do Norte.
Escolas e empresas fecharam as portas. Segundo a agência Reuters, voos domésticos foram cancelados e os aeroportos também pararam de operar voos internacionais.
Flórida em alerta
Segundo Brock Long, diretor da Agência Federal de Gerenciamento de Emergências (Fema, na sigla em inglês), o furacão Irma "vai devastar os Estados Unidos, tanto a Flórida, quanto outros Estados próximos".
Autoridades têm reiterado que a população não ignore as ordens de evacuação - a Flórida já começou a sentir os efeitos no sábado, como chuva forte e ventos.
"O tamanho do furacão é enorme", disse Rick Scott, governador da Flórida, na quinta-feira. "Ele é maior que o nosso Estado e pode ter um impacto mortal em ambas as costas. Estamos ficando sem tempo. Se alguém está em uma zona de evacuação, precisa partir agora".
Scott completou dando um recado à população: "Lembre-se que uma casa é possível reconstruir, uma vida não".
Longas Filas
O prefeito do condado de Miami, Carlos Gimenez, afirmou que a evacuação "não tem precedentes", e que mais de 650 mil pessoas abandonaram a cidade nos últimos dias.
Foram registradas longas filas para comprar garrafas de água e abastecer carros em postos de combustível e em mercados.
O aeroporto internacional de Orlando suspendeu os voos comerciais no sábado, a partir das 18h, no horário de Brasília - 17h no horário local. Muitos turistas já sofreram com cancelamento de voos e tiveram que permanecer na região.
De acordo com as autoridades, a rota do Irma deve passar pelas propriedades do presidente dos EUA, Donald Trump, na Flórida.
Segundo relatório da empresa de seguros Swiss Re, o condado de Miami cresceu tanto nos últimos 25 anos que, se o Irma fosse do mesmo tamanho que o furacão Andrew em 1992 - que deixou 26 mortos e 250 mil sem-teto apenas na Flórida - as perdas econômicas com os danos atingiriam um valor de até US$ 60 bilhões (cerca de R$ 185 bilhões).
O furacão Andrew causou prejuízo de US$ 26,5 bilhões (cerca de R$ 80 bilhões), em valores atualizados.
Estragos no Caribe
Enquanto a Flórida se prepara o Irma, ilhas do Caribe começam a contabilizar os estragos e como vão se reconstruir após a passagem do furacão.
A ilha de St Martin ficou destruída. "É um desastre enorme, 95% da ilha está destruído. Estou em choque", disse Daniel Gibbs, uma autoridade local.
Barbuda, outra pequena ilha caribenha, está "quase inabitável", segundo o primeiro ministro de Antígua e Barbuda, Gaston Browne. O Irma destruiu 95% das casas e dos edifícios.
Além disso, todos os habitantes da ilha tiveram de ser evacuados por causa de um segundo furacão, o José - que tem categoria 4.
Outras localidades, como a Ilha de São Cristóvão e Névis e Porto Rico, sofreram com tempestades, mas conseguiram evitar maiores destruições.
Na República Dominicana, mais de 100 prédios foram destruídos, de acordo com relatórios oficiais, mas não houve relatos de mortes.