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Marina diz que decisão 'preocupa'; Bolsonaro chama Justiça de 'aparelhada': as reações ao pedido de soltura de Lula

08/07/2018 16h02

Os pré-candidatos nas eleições a presidente da República se manifestaram neste domingo sobre o habeas corpus concedido pelo desembargador Rogério Favreto ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Lula está preso há mais de 3 meses na carceragem da corporação, em Curitiba, condenado a 12 anos de prisão por lavagem de dinheiro e corrupção passiva.

Em nova reviravolta, o desembargador do TRF-4 Rogerio Favreto voltou a pedir, em decisão publicada às 16h12, a soltura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). É a terceira vez em sete horas que ele ordena que a PF liberte o petista. Favreto disse ainda que a medida deve ser cumprida em no máximo uma hora.

Por volta das 14h, o relator da Lava-Jato no TRF-4, o desembargador João Pedro Gebran Neto, havia contrariado o despacho de Favreto, desembargador de plantão no Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4), e determinado a manutenção da prisão. Em seu despacho, Gebran Neto afirmou que o pedido de habeas corpus apresentado na última sexta-feira pelos deputados federais Wadih Damous, Paulo Pimenta e Paulo Teixeira, do PT deveria ser encaminhado a seu gabinete para análise e não decidido pelo colega Rogério Favreto.

Após a primeira decisão de Favreto, na manhã desse domingo, o juiz federal Sergio Moro publicou um despacho afirmando que Favreto não teria competência para soltar o petista e mandou que a PF não cumprisse a ordem. Lula está preso há mais de 3 meses na carceragem da corporação, em Curitiba.

'Ideologia'

Crítico à decisão de habeas corpus, o deputado federal Jair Bolsonaro (PSL) publicou um vídeo nas redes sociais criticando Favreto, logo depois do segundo pedido de soltura de Lula feito pelo desembargador. "Quase todas as instituições estão aparelhadas", disse. "A questão ideológica é pior que a corrupção". Bolsonaro afirmou, ainda, que o desembargador foi filiado ao PT por 20 anos.

Já a ex-senadora Marina Silva (Rede) também criticou a decisão do desembargador. Disse que acompanha "com atenção e preocupação" os últimos acontecimentos.

"A atuação excepcional do magistrado, durante um plantão judicial de fim de semana, não sendo o juiz natural da causa, não deveria provocar turbulências políticas que coloquem em dúvida a própria autoridade das decisões judiciais colegiadas, em especial a do Supremo Tribunal Federal", escreveu Marina, em nota.

Bolsonaro e Marina são os dois pré-candidatos mais bem colocados nas pesquisas eleitorais na ausência de Lula.

Levantamento do Ibope divulgado no fim de junho, contratado pela Confederação Nacional das Indústrias, mostrou que 33% dos entrevistados disseram que votariam em Lula, contra 15% de Bolsonaro, Marina, 7%, e Ciro Gomes (PDT) e Geraldo Alckmin (PSDB), 4% cada.

"Anarquização"

Também pré-candidato à Presidência, o senador Álvaro Dias (Podemos) afirmou nas redes sociais que o habeas corpus "anarquiza o Judiciário e causa indignação e revolta na sociedade".

Segundo ele, Favreto é um desembargador "aloprado que serviu a governos petistas, como o de Tarso Genro e do próprio Lula."

O tucano Geraldo Alckmin, ex-governador de São Paulo, afirmou que "manter Lula ou qualquer outro cidadão brasileiro preso não pode ser uma decisão política, mas sim da Justiça".

No Twitter, ele escreveu: "O Brasil precisa de ordem e segurança jurídica em todas as áreas. Não podemos transformar o sistema de Justiça em fator de instabilidade. Ao contrário, o Judiciário deve ser ponto de equilíbrio."

O pré-candidato João Amoedo (Novo) também se manifestou contra a decisão. "Um absurdo! O desembargador se desfiliou do PT em 2010, mas esta decisão mostra que ele continua a trabalhar pelo partido", escreveu, no Twitter.

"Lula solto"

Por outro lado, pré-candidatos da esquerda se posicionaram a favor da soltura do ex-presidente.

Manuela D'ávila (PC do B) publicou mensagem no Twitter pedindo a liberdade do petista. "Se houver lei neste país, Lula será solto".

Já Guilherme Boulos (PSOL) publicou um vídeo dizendo ser "inadmissível" a posição de Sérgio Moro de não acatar a decisão de Favreto. "Moro está de férias e está desafiando uma instância superior Ele se acha um xerife, se acha acima da lei, das instâncias e do bem e do mal. Ele age politicamente", disse Boulos.

O ex-prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, tido por muitos como uma possível alternativa do PT caso Lula não possa ser candidato, apenas compartilhou uma publicação do perfil oficial do ex-presidente no Twitter.

O pré-candidato Ciro Gomes (PDT) não se manifestou sobre o imbróglio até a publicação desta reportagem.

"Penada antidemocrática"

O ex-prefeito de São Paulo e pré-candidato ao governo do Estado, João Dória, do PSDB, disse que a decisão de Favreto, a quem chamou várias vezes de "petista", contraria posicionamento do próprio TRF-4 e do juiz Sérgio Moro, chamado por Doria de "herói".

"Isto é que é partidarização. Imagina vocês se o Brasil não tivesse deposto Dilma Rousseff, se o PT ainda estivesse no poder, estariam dominando até mesmo a Justiça. Este desembargador é petista", afirmou o ex-prefeito, em post em sua página no Facebook. "Agora tentou libertar o criminoso lula da cadeia com uma penada antidemocrática", afirmou.

De férias

Em seu perfil no Twitter, a ex-presidente e pré-candidata ao Senado Dilma Rousseff (PT) afirmou por volta das 15h que "a decisão judicial precisa ser obedecida, ainda que contrarie a posição de juiz federal do Paraná que oficialmente está de férias e não poderia se manifestar".