Atentado a candidato presidencial é algo que América Latina não via há 20 anos, diz brasilianista
A facada de que foi alvo o candidato presidencial Jair Bolsonaro (PSL) durante ato de campanha em Juiz de Fora (MG) é um incidente perturbador porque "em nível presidencial, a violência não era parte da história brasileira e latino-americana havia anos, e isso mudou hoje", diz à BBC News Brasil o brasilianista Brian Winter, editor-chefe da revista Americas Quarterly e vice-presidente da Americas Society-Council of the Americas.
"Não víamos isso com candidatos a presidentes. Mesmo na América Latina, tem havido ausência de violência em nível presidencial há mais ou menos 20 anos, pelo menos nos países de grande porte", diz ele, lembrando dois casos que tiveram magnitude e repercussão globais:
- O ataque a tiros que resultou na morte de Luis Donaldo Colosio, candidato do então partido governista PRI (Partido Revolucionário Institucional) à Presidência do México em 1994. Um jovem de 23 anos está detido até hoje pelo crime, mas pessoas próximas a Colosio defendem até hoje que houve um complô para matar o candidato.
- O atentado que matou o candidato presidencial colombiano Luis Carlos Galán em 1989, atribuído ao cartel de Medellín (de Pablo Escobar) em aliança com atores políticos.
"Espero que isso não seja mais um passo na deterioração do cenário brasileiro que vimos nos últimos dois anos", acrescentou Winter.
Para Mark Langevin, diretor do programa de estudos brasileiros da Universidade George Washington (EUA), já se notava "um padrão de escalada da violência desde o ataque a tiros contra a caravana de Lula (no Paraná em março) e com o assassinato da (vereadora carioca) Marielle Franco e Anderson (Gomes, seu motorista, ambos mortos em março)".
"O Brasil já registrava violência contra políticos (em âmbito) local, mas estamos observando um padrão perturbador de escalada", diz Langevin, acrescentando que o episódio desta quinta-feira deteriora também a percepção internacional sobre a estabilidade e a segurança pública do Brasil.
"O perigo agora é haver um aumento nas tensões ou eventuais retaliações (contra outros candidatos ou simpatizantes). Em um momento em que a perda de confiança das pessoas nas instituições políticas é um grande desafio", agrega.
Langevin lembra tensões semelhantes em países como Nicarágua e Venezuela - neste último, o presidente Nicolás Maduro também disse ter sido alvo de um atentado por parte de opositores em agosto.
Em março, houve também um ataque contra carro que levava o então candidato à Presidência colombiana Gustavo Petro, que não se feriu no incidente.
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