Bolsonaro presidente: infância em Eldorado, controvérsias no Exército e ascensão com antipetismo
Jair Messias Bolsonaro disse que estava cansado quando entrava em seu sétimo mandato como deputado federal. Mas o reconhecimento inédito no Rio, onde acabara de obter 464 mil votos, o recorde no Estado, inspirou ousadia:
"Vou tentar a Presidência", disse no plenário da Câmara dos Deputados ao deputado Alberto Fraga (DEM-DF), amigo do futuro presidente desde que estudaram juntos na Escola de Educação Física do Exército, em 1983. "Se eu conseguir 10% dos votos, estou satisfeito."
O diálogo no fim de 2014 foi o início da caminhada que elegeu Jair Bolsonaro, 63 anos, como o 38º presidente da República do Brasil pelo PSL. Com 99,49% das urnas apuradas pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) no segundo turno, o capitão reformado somava 55,21% dos votos, contra 44,79% do adversário Fernando Haddad (PT).
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"Ele começou com uma expectativa muito tímida. Todo mundo dizia que ele tinha um teto, que não ia crescer mais. Ele calou a boca de todo mundo que não acreditou", diz Fraga.
A maneira como Bolsonaro passou a ser recebido em aeroportos - saudado por apoiadores Brasil afora com gritos de "mito, mito!" - foi o primeiro sinal de que o caminho podia render frutos.
Seu número de seguidores foi crescendo junto com a repercussão da participação em programas populares como o CQC, na Band, e de Luciana Gimenez, da RedeTV!, a quem Bolsonaro afirmou que não empregaria mulheres com o mesmo salário que homens.
A comunicação direta com seus apoiadores nas redes sociais, onde hoje conta com mais de 10 milhões de seguidores, foi capilarizando uma base de apoio que, nesta eleição, compensou pela a falta de tempo de TV, em uma campanha inédita que teve ascensão meteórica.
"Sou do baixíssimo clero, não sou ninguém na política, não sou nada. E tenho o apoio popular que está aí", destacou, ainda na fase inicial da campanha, em entrevista à Globo News. "Não é inimaginável o que está acontecendo? Como eu consegui isso?" Só podia ser uma "missão de Deus", concluiu, contando que recorrera à Bíblia para retirar seu lema do Evangelho de João: "E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará."
Ao longo de seus 27 anos de carreira na Câmara dos Deputados, Bolsonaro ficou pouco conhecido por projetos, tendo aprovado apenas dois.
Mas se notabilizou por uma extensa lista de declarações polêmicas dadas como homem público. Em entrevistas e em plenário, defendeu a ditadura militar, disse ser favorável à tortura, afirmou preferir ver um filho seu morrer do que aparecer "com um bigodudo por aí", e disse que o País seria melhor se a ditadura tivesse matado mais gente, incluindo o então presidente Fernando Henrique Cardoso, que deveria ter sido "fuzilado".
Em alguns dos episódios mais polêmicos de sua trajetória, ele afirmou à deputada Maria do Rosário (PT-RS) que ela "não merecia ser estuprada" e homenageou o coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, ex-chefe de órgão da repressão da ditadura, ao proferir seu voto em favor do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, em 2016.
Ustra, a quem se referiu como "o terror de Dilma Rousseff", é autor de seu livro de cabeceira, "A verdade sufocada - A história que a esquerda não quer que o Brasil conheça".
Bolsonaro foi eleito com as promessas de acabar com a violência e a corrupção, colocar o país "nos trilhos" e expurgar o PT, que prevaleceram sobre a resistência ao conteúdo de suas falas mais polêmicas, repetidas à exaustão por adversários ao longo da campanha.
No dia 6 de setembro, durante comício em Juiz de Fora, Bolsonaro foi esfaqueado na barriga por Adelio Bispo de Oliveira.
Após o atentado, foi submetido a cirurgia de emergência e passou três semanas no hospital, deixando de comparecer a debates e eventos de campanha.
"Acabaram de eleger o presidente", disse seu filho, o deputado estadual Flávio Bolsonaro, após o ataque.
Truculência ou 'coração de menino'?
O ódio ao PT foi reiterado ao longo de sua candidatura - quando, por exemplo, Bolsonaro falou em "fuzilar a petralhada" no Acre e afirmou, a apenas uma semana do segundo turno, que "esses marginais vermelhos serão banidos de nossa pátria."
Para seus aliados, Bolsonaro é um "cão que ladra, mas não morde" - e sua imagem é prejudicada "pelo recorte que a mídia dá".
"Eu achava que ele falava demais, se excedia em algumas frases", diz a jornalista Joice Hasselmann, que mudou de opinião após entrevistá-lo em 2014 e ver se estabelecer ali uma "empatia imediata". Desde que se conheceram, há quatro anos, Joice conta que nasceu uma amizade, com direito a café com pão de queijo em sua casa; e uma parceria, com trocas de ideias antes de Bolsonaro fazer entrevistas em redes nacional.
Quando decidiu pela Presidência, Bolsonaro a "intimou" a se candidatar pelo PSL para engrossar sua rede de apoio. "Vi que é um grande homem com um coração de menino. É doce, afável, brincalhão. Bem diferente do que a gente imagina vendo as reportagens."
Hasselmann acabou se tornando a deputada federal mais votada em São Paulo. Foi peça importante para desfazer a resistência de mulheres e homossexuais a votarem nele. "A pecha de machismo e homofobia foi caindo por terra", afirma. "O Jair não é comunicador. De vez em quando ele se atropela nas palavras."
A perspectiva é bem diferente da tida pela deputada Maria do Rosário - que o processou por incitação à violência ao se dirigir a ela como se estupro fosse uma opção, e obteve condenação contra Bolsonaro por danos morais no Superior Tribunal de Justiça (STJ).
Ex-ministra dos Direitos Humanos no governo Dilma Rousseff, a deputada diz que Bolsonaro sempre marcou presença em sessões que discutissem direitos humanos, da mulher, da comunidade LGBT, de mulheres negras ou diversidade religiosa, mesmo que não integrasse as comissões.
"Ele tem uma atitude ostensivamente persecutória desses grupos. A vida parlamentar dele demonstra isso. Ele não tem como apagar palavras que saem de sua própria boca", afirma a deputada.
Amigo de velha data, Alberto Fraga diz que Bolsonaro é de raciocínio rápido, respostas imediatas e posições firmes. Se não concorda com algo, "já corta logo. Não deixa nem continuar a conversa".
As polêmicas, afirma, "são exagero". "As posições do Bolsonaro sempre foram muito claras. Eu nunca vi ele ser homofóbico. Mas sempre reagiu ao 'kit gay' que queriam impor. Ele falava: 'Você quer queimar rosca, então queima rosca, mas não pode chegar na escola e querer mostrar isso como uma coisa normal'. Essa sempre foi a posição dele", diz Fraga.
Religião, costumes e ascensão entre evangélicos
Se foi pela defesa de pautas militares que entrou na política, foi pela bandeira de defesa da família tradicional e pela condenação de projetos voltados para o combate à homofobia que cresceu politicamente ao longo dos últimos anos - e ganhou fortes aliados em igrejas evangélicas, como o pastor Silas Malafaia.
A afinidade com representantes evangélicos na política começou já em 2006, lembra o pastor Malafaia, da Assembleia de Deus Vitória em Cristo - referindo-se ao projeto de lei 122, de combate à homofobia.
"Eu, Bolsonaro, Magno Malta, nós viemos juntos nessa luta desde 2006. Nossos discursos nessas temáticas sociais é igualzinho. Pensamos a mesma coisa contra aborto, casamento gay, ideologia de gênero", resume Malafaia - que encampou a defesa do candidato em suas redes sociais, com mais de quatro milhões de seguidores.
Bolsonaro é católico, mas em 2017 foi batizado simbolicamente pelo pastor Everaldo Dias Pereira, presidente do PSC, no rio Jordão, em Israel. O mote religioso está no centro de seu lema de campanha: "Brasil acima de tudo, Deus acima de todos".
As chamadas "bancadas BBB" - "bala", dos defensores da flexibilização do acesso às armas, "boi", do agronegócio, e "Bíblia", dos evangélicos - formam o tripé que deu sustentação à sua ascensão meteórica na política ao longo deste ano.
Carreira no Exército
Bolsonaro nasceu em 21 de março de 1955 em Glicério, no interior de São Paulo, mas foi registrado em Campinas.
Cresceu em Eldorado, no noroeste paulista, para onde os pais se mudaram com os seis filhos quando ele era criança. É o terceiro entre os irmãos - três meninos e três meninas. Conta que caçava passarinhos com espingarda de chumbinho e ganhava dinheiro com a pesca e a extração de palmito silvestre - aliás convivia com o apelido de "palmito" por ser alto e ter pele branca.
Foi em Eldorado, durante a ditadura militar, que o jovem Bolsonaro se viu em um cenário que envolvia guerrilha e Exército, e alinhou-se a um lado. A cidade fica no Vale do Ribeira, onde Carlos Lamarca montou uma base de treinamento para combater o regime em 1970. O guerrilheiro feriu soldados na região, e o adolescente e outros jovens passaram a colaborar com os militares, guiando-os pelos caminhos nas matas que conheciam bem.
Lamarca acabaria morto na Bahia, em 1971. E Bolsonaro acabaria prestando concurso para a Escola Preparatória do Exército. Aos 18 anos, deixou Eldorado para entrar na escola de cadetes. Depois, prestou concurso para a Academia Militar de Agulhas Negras, no Rio, e formou-se na turma de 1977.
Concluiu o curso de paraquedismo, apesar de quase ter morrido durante um salto em que perdeu o controle do paraquedas. Quase caiu no meio da Avenida das Américas, na Barra da Tijuca, mas atravessou a via e bateu na lateral de um prédio, despencando de uma altura de oito metros. Quebrou os dois braços e as duas pernas.
"Ele tem um perfil de herói, mesmo com o jeitão dele, às vezes meio torto", diz Joice Hasselmann. "Quando ele estava no Exército, conta que teve um dia em ficou embirrado com alguma coisa e voltou para casa. O pai perguntou o que ele estava fazendo, e ele disse que não sabia se queria continuar. O pai dele falou: 'você vai voltar, vai se formar e ainda vai ser o presidente da República.' Ele profetizou isso", conta a jornalista.
Bolsonaro se formou como o primeiro da turma na Escola de Educação Física do Exército, no Rio. Era conhecido como Cavalão pelo bom desempenho nas corridas de fundo. Fraga era da mesma turma, mas chegara como parte de um grupo de tenentes da Polícia Militar. "Ele deu muito apoio para a gente que estava chegando a uma corporação estranha, e ajudou a gente a estudar para provas de matérias que não tínhamos tido antes", lembra o deputado.
'Transgressão grave'
A passagem à vida política deu-se após episódios turbulentos no Exército. Em 1986, o capitão Bolsonaro publicou um artigo na revista Veja reivindicando aumento salarial para a tropa.
Ele acabou sendo preso durante 15 dias por "transgressão grave". Segundo documentos obtidos pela Folha de S.Paulo, o Superior Tribunal Militar (STM) julgou que Bolsonaro foi "indiscreto na abordagem de assuntos de caráter oficial, comprometendo a disciplina", e feriu "a ética, gerando clima de inquietação no âmbito da organização militar".
A situação se agravou no ano seguinte, quando reportagens publicadas também pela revista Veja revelaram que Bolsonaro e outro militar, Flavio Passos, elaboraram um plano para colocar bombas em unidades militares do Rio para pressionar superiores a conceder os aumentos reivindicados, "sempre com a preocupação de evitar que houvesse feridos". Após Bolsonaro negar o plano, a revista chegou a publicar um croqui atribuído ao capitão indicando onde as bombas seriam colocadas.
Bolsonaro foi julgado pelo STM, e o croqui foi submetido a laudos periciais. Diante de resultados conflitantes das perícias, o STM acabou absolvendo o réu.
Mas o estrago estava feito, diz Waldir Luiz Ferraz, que atua ao lado de Bolsonaro desde 1988 como assessor de comunicação.
"Ele perdeu espaço nas Forças Armadas por falácias na imprensa. Foi aconselhado a entrar na política, porque já não tinha mais chances de fazer carreira nas Forças Armadas", conta Ferraz.
Em 1988, candidatou-se a vereador e "ralou muito" fazendo campanha na casa de militares, deixando panfletos debaixo de portas de madrugada e distribuindo santinhos. Foi eleito vereador pelo grupo que manteria como sua principal base eleitoral. Foi então que passou para a reserva remunerada do Exército, conforme lei que obriga a medida após a diplomação de militares para cargo eletivo.
Vereador do Rio de Janeiro pelo PDC (Partido Democrata Cristão), Bolsonaro passou a atuar como deputado federal em 1991. "Ele foi o primeiro militar a chegar a deputado", destaca o colega Alberto Fraga. "Chegou forte com as bandeiras da segurança pública e defendendo as Forças Armadas. Antes da gente entrar, não tinha ninguém que defendia."
Na Câmara, Fraga diz que o amigo é popular, vive parando para tirar selfies, e almoça sempre no bandejão, exemplo do estilo de vida sem firulas e pouco afeito a luxos do capitão reformado.
Ao longo dos sete mandatos na Câmara, passou por oito partidos: além do PDC, foi do PP, PPR, PPB, PTB, PFL, PSC e para a candidatura à presidência passou ao PSL.
Na longa vida parlamentar, apresentou 162 projetos de lei e nove propostas de emendas à Constituição, concentrando-se em três eixos: Forças Armadas, segurança pública e intervenção estatal. Sem força na Casa, só conseguiu emplacar dois deles, o PL-2514/1996, que prorrogaria benefícios fiscais para os segmentos de informática e automação e o PL 4510/2016, relativo à liberação da substância que ficou conhecida como base de uma suposta pílula para curar câncer.
"Em 28 anos, ele deve ter batido o recorde de improdutividade", ataca a deputada Maria do Rosário. "Ele sempre foi visto como um personagem folclórico, sem condições de apresentar pareceres competentes e bem elaborados sobre os projetos de lei que tramitam na Casa."
Condenado por danos morais
Falar o que pensa já levou Bolsonaro também à Justiça civil. Neste ano, a procuradora-geral da República, Raquel Dodge, apresentou denúncia de racismo por palestra proferida por ele no ano passado no Clube Hebraica, no Rio. Na ocasião, contou suas impressões na visita a uma comunidade quilombola. "O afrodescendente mais leve lá pesava sete arrobas", afirmou. "Não fazem nada! Eu acho que nem para procriar eles servem mais."
A denúncia foi rejeitada pela Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) por 3 votos a 2. O ministro Alexandre de Moraes considerou as declarações "absolutamente desconectadas da realidade", mas julgou que não "chegam a extrapolar para um discurso de ódio."
"Apesar da grosseria, da vulgaridade, não me parece ter extrapolado limites da sua liberdade de expressão qualificada", julgou Moraes.
Em novembro do ano passado, o STJ confirmou a condenação de Bolsonaro por danos morais contra Maria do Rosário. Ele terá de indenizar a parlamentar em R$ 10 mil por ofensas à sua dignidade e publicar a sentença em suas redes sociais, o que ainda não fez.
O enfrentamento entre os dois ocorreu em 2003, no Salão Verde da Câmara, quando a deputada reagiu ao escutar uma entrevista de Bolsonaro defendendo a redução da maioridade penal para casos de crimes hediondos. Tratava-se do caso do criminoso Champinha, que aos 16 anos matou um jovem e depois torturou, estuprou e assassinou sua namorada. A deputada interveio afirmando que seu discurso violento que o deputado estava fazendo acabava promovendo mais violência, como o estupro. E ele reagiu, revoltado, questionando se ela estava acusando-o de estuprador:
"Eu sou um estuprador?", esbravejou, e, olhando para a deputada, desferiu a frase: "Jamais ia estuprar você porque você não merece." Ela respondeu que lhe daria uma bofetada se ele tentasse algo parecido. "Dá que eu te dou outra!", disse Bolsonaro, empurrando a deputada. Ela então o chamou de desequilibrado, e ele a xingou de vagabunda.
O deputado Alberto Fraga diz ter presenciado a cena. "Foi ela que o chamou de estuprador. Foi ela que ameaçou bater nele. Ele falou que ia bater de volta."
"Ele é que nem cobra. Quando ele é atacado, ele ataca", diz seu assessor Waldir Luiz Ferraz. "Se nunca for atacado, vai ficar tranquilo a vida inteira."
A deputada rebate a versão dos apoiadores do presidente eleito e afirma que aquele foi o primeiro e único diálogo que eles tiveram, e que Bolsonaro espalhou ao longo de todos anos que ela teria defendido o estuprador, o que nega veementemente. "A atitude de Jair Bolsonaro nesse episódio é como a do homem que acusa a mulher a bota e culpa nela. 'Eu agredi porque ela mereceu.' Eu não estou disposta a aceitar isso."
Ela decidiu processá-lo depois que ele relembrou o episódio em um discurso no plenário, em 2014, voltando a dizer que ela não merecia ser estuprada.
"Quando a pessoa diz isso jocosamente, no sentido de desvalorização de outro ser humano, está dizendo que alguém merece ser estuprado, e que um homem decide se uma mulher decide ser estuprada. Eu entrei com uma ação contra essa cultura do estupro que esse candidato carrega, e venci."
Bolsonaro é réu no Supremo em duas ações penais pelo mesmo episódio, relatadas pelo ministro Luiz Fux.
"A Câmara teve oportunidade de responsabilizá-lo por agir contra a Constituição Federal e quebrar o decoro parlamentar inúmeras vezes. Mas ele nunca foi punido por todos os abusos que proferiu", afirma Rosário.
Clã político
Bolsonaro tem cinco filhos de três casamentos. Os três primeiros, a quem se refere como "zero um", "zero dois" e "zero três", seguiram o caminho do pai, tornando o sobrenome Bolsonaro um clã político.
Flávio, o primogênito, é deputado estadual no Rio desde 2003 e, agora, foi eleito para uma vaga no Senado; Carlos é vereador no Rio desde 2001; e Eduardo, que desde 2015, faz companhia ao pai na Câmara dos Deputados, ocupando um gabinete vizinho ao seu, tornou-se neste mês o deputado federal mais votado na história do Brasil, obtendo 1,8 milhão de votos.
O clã elevou seu capital político e também o econômico. Eles tiveram evolução patrimonial elevada nos últimos anos, principalmente em casas e apartamentos, de acordo com a declaração de bens apresentada ao Tribunal Superior Eleitoral. O patrimônio de Jair Bolsonaro cresceu 168% desde 2006; de Eduardo, 432% desde 2014; e o de Flávio, 55% desde 2010.
Em setembro, uma reportagem do jornal Folha de S.Paulo revelou que a segunda ex-mulher de Bolsonaro, Ana Cristina Valle, afirmou ao Itamaraty em 2011 que foi ameaçada de morte pelo ex-marido e por isso deixou o país com o filho. A denúncia foi registrada em um telegrama diplomático, mas não houve investigação oficial sobre a acusação. Na época, o casal disputava na Justiça a guarda do filho.
Após a publicação da reportagem, Valle, que neste ano concorreu à eleição como Cristina Bolsonaro, mas não se elegeu, afirmou que o caso foi superado. Em um vídeo publicado em redes sociais, rebateu o jornal e defendeu a candidatura do ex-marido.
"Ele não tem essa índole para poder fazer tal coisa. Bom pai, bom ex-marido, foi um bom marido também. Espero que vocês acreditem que essa mídia suja só quer denegrir a imagem dele, porque ele tá em primeiro lugar nas pesquisas e assim vai ficar", afirmou Valle.
Família, igreja, futebol e antipetismo
Em 2007, Bolsonaro se casou com Michelle, com quem teve a quinta filha, Laura. Ela dá aula de libras (língua brasileira de sinais) e é evangélica, frequentadora assídua da congregação Batista Atitude. Amigos a descrevem como uma pessoa de origem humilde, simples e discreta, que não gosta de roupas curtas nem de muita maquiagem. Quando dizem que é racista, Bolsonaro costuma referir-se ao sogro, conhecido como Paulo Negão, como prova de que não tem preconceito.
"Ela não gosta dos holofotes. Acho que vai ser a primeira-dama mais discreta da história", comenta Joice Hasselmann.
O casal está junto desde 2007, e o casamento foi celebrado pelo pastor Malafaia, da Assembleia de Deus Vitória em Cristo, igreja da qual Michelle fez parte até 2016.
Moram com a filha em uma casa em condomínio na Barra da Tijuca, no Rio. No primeiro e no segundo turnos, a entrada do local virou ponto de encontro de apoiadores eufóricos, ostentando verde-amarelo e carregando bandeiras do Brasil em celebração aos resultados do candidato, sempre saudado como "mito".
Bolsonaro não bebe nem fuma e mantém a disciplina aprendida no Exército. Costuma enlouquecer as equipes com quem viaja com o hábito de acordar às 6h e não tolerar atrasos. "Cansei de ficar sem café de manhã porque ele sempre marca de sair às 7h e não aceita atrasos. É todo regradinho", diz Hasselmann.
Nos fins de semana, quem liga para Bolsonaro geralmente o encontra vendo algum jogo de futebol, diz Fraga. Ele gosta de assistir ao esporte seja qual for o time, mas torce pelo Botafogo, no Rio, e pelo Palmeiras, em São Paulo.
Fraga afirma que os brasileiros "vão se surpreender" ao conhecer esse Bolsonaro "brincalhão". "Ele não é esse radical ou xiita como a esquerda quer ver", afirma o deputado.
Pouco depois de ouvir o amigo afirmar que tentaria o caminho para a Presidência, Fraga diz que o acompanhou para um evento em frente ao Congresso. Diante de uma multidão em cima de um trio elétrico, Bolsonaro esbofeteou e chutou um "Pixuleco", boneco representando o ex-presidente Lula como um presidiário.
"Foi o PT que o motivou a enfrentar o desafio de se candidatar. A principal motivação dele era combater a corrupção do partido", afirma Fraga. "Ele vai ser presidente da República sem nenhum outro fim que não seja botar o país nos trilhos. Não tem outro sentimento que não seja o próprio patriotismo", diz o amigo.
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