Pisa: como o desempenho do Brasil se compara ao de outros países da AL
A China passou a ocupar o lugar de Cingapura como o país com a melhor educação do mundo, segundos os dados divulgados hoje do Pisa, principal exame internacional em educação.
As primeiras posições do ranking nos quesitos matemática, leitura e ciências são dominadas por nações asiáticas, e a mais bem posicionada fora da Ásia é a Estônia, do Leste Europeu.
Mas qual foi o desempenho do Brasil e dos outros países da América Latina na prova realizada a cada três anos pela OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico)?
O ministro da Educação brasileiro, Abraham Weintraub, tinha um palpite há duas semanas: o Brasil ficaria "no último lugar da América do Sul". Mas ele errou. Em parte.
Todos os países latino-americanos avaliados obtiveram classificação inferior à média dos países da OCDE, o chamado "clube dos países mais ricos do mundo" ? ao qual Chile e México pertencem, e o Brasil tenta.
O país mais bem colocado da América do Sul na categoria leitura é o Chile, em 43º do ranking geral, seguido de Uruguai e Costa Rica. O Brasil surge na 57ª posição.
Os alunos chilenos também lideram o grupo latino-americano em ciências (45º no ranking geral) e ficaram em segundo em matemática, segmento liderado pelo Uruguai no subcontinente (58º no ranking geral).
Os estudantes brasileiros, por outro, lado, "disputam" as últimas posições.
Em relação aos países sul-americanos que participaram do exame, o Brasil supera Colômbia, Argentina e Peru em leitura, só é melhor que a Argentina em matemática e empata em último lugar com Argentina e Peru em ciências.
De modo geral, os estudantes brasileiros pontuaram 413 em leitura, 384 em matemática e 404 em ciências ? respectivamente, três, cinco e dois pontos acima do exame anterior, realizado em 2015. O relatório da OCDE enxerga isso como mudanças pouco significativas estatisticamente e não necessariamente indicativas de uma tendência de alta.
Na média, os estudantes do Brasil tiveram pontuação simliar às de países como Brunei, Catar e Albânia.
Para Weintraub, a responsabilidade do resultado negativo do Brasil é "integralmente do PT", que segundo ele não tinha compromisso com o ensino. Ele disse que o governo de Jair Bolsonaro não tem nada a ver com esse resultado.
Na última década, o desempenho de alunos brasileiros em leitura, matemática e ciências teve discreta melhora, mas é considerado "estacionado" no período e ainda distante do salto de qualidade necessário para alcançar outros países de renda média ou alta.
Esta edição envolveu cerca de 600 mil estudantes de 79 países ou regiões (sejam eles membros da OCDE ou parceiros, como no caso do Brasil).
Problemas de leitura
Em sua edição de 2018, os testes do Pisa se concentraram especialmente na avaliação das habilidades de leitura ? a medição ocorre por meio de um teste computadorizado de duas horas de duração sobre os três quesitos.
E, de acordo com a OCDE, os resultados sugerem que 1 em cada 4 estudantes nos 36 países-membros da organização não foi capaz de concluir as tarefas mais básicas de leitura, um problema ainda maior entre os países em desenvolvimento.
Além disso, a porcentagem de alunos com baixo desempenho também aumentou em relação a 2009, o último ano em que o PISA se concentrou na leitura.
Metade dos estudantes brasileiros alcançaram ao menos o nível básico de proficiência em leitura no Pisa, o que significa que eles conseguem identificar a ideia-chave de um texto.
E somente 2% dos jovens brasileiros alcançaram níveis altíssimos de compreensão em leitura, no qual são capazes de entender textos mais longos e ideias contraintuitivas ou abstratas.
Pontuação de alguns dos 79 países e regiões no Pisa 2018
Em leitura
Em matemática
Em ciências
Brasil
413
384
404
Cidades/províncias chinesas*
555
591
590
Cingapura
549
569
551
Estônia
523
523
530
Canadá
520
512
518
Finlândia
520
507
522
EUA
505
478
502
Chile
452
417
444
Uruguai
427
418
426
Argentina
402
379
404
Filipinas
340
353
357
*Participaram do Pisa 2018 as cidades/províncias de Xangai, Pequim, Jiangsu e Zhejiang; Fonte: OCDE
Para a OCDE, os problemas de compreensão de leitura podem limitar as oportunidades das novas gerações "em um mundo digital cada vez mais volátil".
"Sem educação adequada, os jovens vão definhar na sociedade afora, sendo incapazes de enfrentar os desafios do futuro mundo do trabalho. A desigualdade continuará aumentando", afirmou o secretário-geral da organização, Angel Gurría, ao apresentar o relatório.
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