Ryrkaypiy, o vilarejo russo em alerta por causa de 'invasão' de ursos polares
Magros e com fome, ursos entraram na cidade à procura de comida; não é a primeira vez que a região enfrenta o problema. Especialista defende que cidade seja permanentemente evacuada.
Mais de 50 ursos polares ocuparam um vilarejo no norte da Rússia.
Todas as atividades públicas da pequena cidade, Ryrkaypiy, com pouco mais de 700 habitantes, foram canceladas.
Ambientalistas dizem que a culpa é do aquecimento global, que deixa o gelo na região da costa mais fino e fraco, forçando os ursos a procurarem alimento no vilarejo em vez de procurarem no mar.
Não é a primeira vez que a pequena comunidade passa por isso, e as visitas de ursos polares se tornaram tão frequentes que alguns especialistas dizem que Ryrkaypiy deveria ser permanentemente evacuada.
Tatyana Minenko, chefe do programa de patrulha de Ryrkaypiy, disse que 56 ursos, incluindo filhotes, foram contados na cidade.
"Os animais eram tanto adultos quantos jovens... Havia fêmeas com filhotes de diferentes idades", disse ela. A maior parte deles aparentava estar muito magro.
Os ursos normalmente vivem em Cabo Schmidt, a apenas 2,2 km de Ryrkaypiy. Mikhail Stishov, da World Wide Fund for Nature (WWF), diz que a área tem tido temperaturas inesperadamente quentes.
"Se o gelo tivesse forte o suficiente para suportar os ursos, ou ao menos alguns deles, eles já teriam ido para o mar, onde poderiam caçar focas e lebres-do-mar", diz Stishov.
Enquanto esperam que a água congele totalmente, eles vão até vilarejos em busca de comida, diz Stishov.
Na última semana, um especialista em ursos polares do Instituto do Norte, com sede nos EUA, disse que os ursos visitam a cidade com tanta frequência que Ryrkaypiy deveria ser permanentemente evacuada.
Anatoly Kochnev disse à agência de notícias Tass News que as visitas estão aumentanto muito e os ursos estão vindo em maior quantidade. Segundo ele, há apenas cinco anos, só cinco ursos chegavam perto do vilarejo.
"Como cientista eu acredito que [o vilarejo] não deve permanecer ali", disse ele. "Tentamos controlar a situação, mas ninguém quer pensar no que poderia acontecer por lá em três ou quatro anos."
O funcionário da agência de proteção animal Yegor Vereshchagin disse que se os residentes quiserem sair, "eles podem fazer um referendo [para decidir]."
Em fevereiro deste ano, o arquipélago de Nova Zembla, também na Rússia, teve o mesmo problema. Os ursos foram filmados dentro de prédios.
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