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Mary Trump: 5 revelações do livro da sobrinha do presidente dos EUA

Fotos dos pais de Donald Trump no Salão Oval da Casa Branca - Getty Images
Fotos dos pais de Donald Trump no Salão Oval da Casa Branca Imagem: Getty Images

08/07/2020 18h41

Um livro de memórias escrito pela sobrinha do presidente americano Donald Trump afirma que ele é um "narcisista" que ameaça a vida de todos os americanos.

O livro de Mary Trump, Too Much and Never Enough: How My Family Created the World's Most Dangerous Man (Demais e nunca suficiente: como minha família criou o homem mais perigoso do mundo, em tradução livre), descreve seu tio como uma fraude e alguém que intimida os outros.

A Casa Branca rechaça as alegações feitas no livro. Trechos da obra foram vazados para a mídia americana.

A família Trump processou a publicação para barrar seu lançamento no dia 14 de julho.

"Mais que narcisismo"

Mary Trump, de 55 anos, escreve que, para seu tio, "nada é suficiente" e que o presidente dos EUA exibe todas as características de um narcisista.

"Donald não é simplesmente fraco, seu ego é uma coisa frágil que deve ser reforçada a todo momento, porque ele sabe no fundo que não é nada do que afirma ser", escreve a sobrinha, que possui doutorado em psicologia clínica, sobre Trump.

Ela diz que o presidente foi influenciado por assistir a seu proprio pai, Fred Trump, intimidar o pai dela, Fred Trump Jr - que morreu de uma doença relacionada ao consumo de álcool quando ela tinha 16 anos.

Mary Trump escreve que seu avô era extremamente severo com o filho mais velho, Fred Jr, quem ele queria que assumisse o negócio imobiliário da família. Mas, como o pai de Mary se afastou dos negócios, o avô não teve escolha a não ser recorrer ao segundo filho, Donald.

Não foi uma escolha feliz, insinua a sobrinha. "Quando as coisas pioraram, no final da década de 1980, Fred não podia mais se separar da ineptidão brutal de seu filho; o pai não tinha escolha a não ser se comprometer", ela escreve sobre a atitude do avô em relação ao futuro 45º presidente dos EUA.

"Seu monstro havia sido libertado."

A Casa Branca rejeita a alegação de que o pai de Trump tenha sido rígido e duro, dizendo que o presidente "descreve o relacionamento que teve com seu pai como caloroso, e que seu pai era muito bom com ele".

"Tinha que derrubar Donald"

No livro, Mary Trump descreve como ela forneceu documentos fiscais ao jornal americano The New York Times, que os usou para publicar uma reportagem investigativa de 14 mil palavras sobre os "duvidosos esquemas fiscais de Trump durante os anos 90, incluindo casos de fraude descarada, que aumentaram bastante a fortuna que ele recebeu dos pais".

Mary Trump disse que foi abordada por jornalistas em sua casa em 2017 e inicialmente relutou em ajudar.

Ela esperou um mês, assistindo a como "Donald destruiu normas, ameaçou alianças e pisou nos mais vulneráveis", antes de decidir entrar em contato com o repórter do New York Times.

Depois de contrabandear 19 caixas de documentos legais para fora do escritório de advocacia onde estavam guardadas, ela as entregou a repórteres. Ela descreve como os abraçou, chamando aquele de o momento "mais feliz que vivi em meses".

"Não me bastava ser voluntária em uma organização que ajuda refugiados sírios", ela escreve. "Eu tinha que derrubar Donald."

Trapaceiro da universidade

Mary Trump afirma que seu tio pagou um amigo para fazer o teste SAT para ele - um exame padronizado feito por estudantes americanos depois do ensino médio, que influencia a aceitação em universidades - porque ele estava "preocupado com o fato de sua média de notas, que o colocava longe do topo de sua classe, atrapalhar seus esforços para ser aceito".

Ele contratou "um garoto inteligente, com a reputação de ser bom em testes, para fazer os SATs por ele", escreve ela, acrescentando: "Donald, a quem nunca faltou dinheiro, pagou bem ao amigo".

Trump estudou na Universidade Fordham, em Nova York, mas depois foi transferido para a Escola de Negócios Wharton, na Universidade da Pensilvânia.

A Casa Branca nega que o presidente tenha trapaceado no vestibular.

Donald seria 'incapaz de experimentar emoções

Mary Trump culpa o patriarca da família Trump, Fred Trump, por grande parte da suposta disfunção familiar. Ela diz que o avô Trump, um magnata imobiliário de Nova York, "destruiu" Donald Trump, interferindo em sua "capacidade de desenvolver e experimentar todo o espectro das emoções humanas".

"Ao limitar o acesso de Donald a seus próprios sentimentos e tornar muitos deles inaceitáveis, Fred perverteu a percepção do filho sobre o mundo e afetou sua capacidade de viver nele", escreve ela.

"A suavidade era impensável", para o avô Trump, ela escreve, acrescentando que ele ficava furioso e zombava sempre que o pai dela - conhecido como Freddy - pedisse desculpas por qualquer erro.

O patriarca queria que seu filho mais velho fosse "matador", diz a autora.

Donald Trump, sete anos mais novo que seu falecido irmão, "teve muito tempo para aprender assistindo a Fred humilhar" seu filho mais velho, escreve Mary Trump.

"A lição que ele aprendeu, na sua forma mais simples, foi que era errado ser como Freddy. Fred não respeitava o filho mais velho, assim como Donald."

Problema com mulheres

Mary Trump escreve que seu tio pediu a ela que escrevesse um livro sobre ele, chamado "Art of the Comeback" (arte do retorno), e forneceu "um compêndio de mulheres que ele esperava namorar, mas que, ao recusá-lo, eram subitamente as piores, mais feias e gordas mulheres que ele já havia conhecido".

Mais tarde, ele mandou alguém demiti-la e nunca a pagou por seu trabalho, ela alega.

Ela diz que Trump fez comentários sugestivos sobre seu corpo quando ela tinha 29 anos, embora ela fosse sua sobrinha e Trump estivesse casado com Marla Maples, que foi sua segunda mulher.

Segundo ela, Trump disse a sua atual esposa Melania que sua sobrinha havia abandonado a universidade e consumido drogas na época em que a contratou para o projeto do livro. É verdade que Mary Trump deixou a faculdade, mas ela diz que nunca usou drogas e diz acreditar que seu tio inventou a história para se apresentar como seu "salvador".

"A história era para seu benefício tanto quanto para qualquer outra pessoa", escreve ela, que diz que "ele provavelmente já acreditava em sua versão dos eventos".

Quem é Mary Trump?

Mary Trump, 55 anos, é filha de Fred Trump Jr, irmão mais velho do presidente, que morreu em 1981 aos 42 anos.

Ele lutou com o alcoolismo durante grande parte de sua vida e sua morte prematura foi causada por um ataque cardíaco ligado ao consumo de álcool.

O presidente Trump citou os problemas pessoais de seu irmão como incentivo para a pressão de seu governo para combater a crise de saude ligada aos opioides nos EUA.

Em uma entrevista no ano passado ao Washington Post, Donald Trump disse que lamentava ter pressionado o irmão mais velho a ingressar no negócio imobiliário da família.

Mary Trump evitou amplamente os holofotes desde que seu tio se tornou presidente, embora ela tenha sido crítica a ele no passado.

Depois que Trump venceu as eleições, em 2016, ela descreveu a experiência como a "pior noite" de sua vida, segundo o Washington Post.

"Deveríamos ser julgados duramente", ela tuitou. "Eu lamento pelo nosso país."