Morre Diego Maradona, aos 60 anos
Astro argentino morreu de parada cardiorrespiratória, segundo a imprensa local.
O ex-jogador de futebol argentino Diego Armando Maradona morreu nesta quarta-feira (25/11), aos 60 anos.
O astro, campeão da Copa do Mundo de 1986 pela Argentina e considerado um dos maiores jogadores da história, teve uma parada cardiorrespiratória, segundo a imprensa local.
O presidente da Argentina, Alberto Fernández, decretou luto nacional de três dias.
Ícone de futebol
Nascido em uma favela de Buenos Aires, Maradona escapou da pobreza para se tornar um astro do futebol considerado por alguns maior até do que Pelé.
O argentino, que marcou 259 gols em 491 partidas, derrotou o rival brasileiro em uma votação para determinar o maior jogador do século 20, antes que a Fifa mudasse as regras de votação para que os dois jogadores fossem homenageados.
Ostentava uma rara combinação de talento, extravagância, visão de jogo e velocidade que hipnotizava os fãs do esporte.
Com uma trajetória cheia de altos e baixos, o jogador indignou torcedores com a polêmica "mão de Deus" na Copa de 1986 - um gol marcado com a ajuda da mão contra a Inglaterra nas quartas de final - e decepcionou outros após o mergulho profundo nas drogas e com as crises pessoais fora do campo.
Maradona mostrou uma habilidade prodigiosa desde jovem. Ainda antes de se tornar profissional, levou a divisão infantil do Argentina Juniors - a equipe Los Cebollitas, como é conhecida - a uma série de 136 jogos sem derrotas e fez sua estreia internacional com apenas 16 anos e 120 dias.
Baixinho e atarracado, com apenas 1,5 metro, ele não tinha um porte físico típico de um atleta.
Mas suas habilidades, agilidade, visão de jogo, controle de bola, dribles e passes mais do que compensaram a falta de ritmo e problemas de peso.
Ele pode ter sido um gênio para superar com facilidade zagueiros hostis, mas teve dificuldades ao enfrentar problemas pessoais.
A mão de Deus e o gol do século
Parte da história internacional do atleta pode ser contada através dos 34 gols que marcou em 91 partidas que disputou pela seleção da Argentina.
Ele conduziu seu país à vitória na Copa do Mundo de 1986, no México, e a uma vaga na final quatro anos depois.
Foi nas quartas de final do torneio em 1986 que ocorreu o lance que se transformaria em uma das mais longevas polêmicas envolvendo Maradona.
A partida contra a Inglaterra aconteceu quatro anos depois da Guerra das Malvinas - em que a Argentina reivindicou, sem sucesso, a posse sobre o conjunto de ilhas no Atlântico. A lembrança do conflito adicionava mais rivalidade ao confronto em campo.
Aos 6 minutos do segundo tempo e com o jogo sem gols, Maradona pulou ao lado do goleiro adversário Peter Shilton e fez o gol após dar um soco na bola.
Ele disse mais tarde que o gol foi feito com "um pouco da cabeça de Maradona e um pouco da mão de Deus".
Quatro minutos depois, o jogador marcou o que foi descrito como o "gol do século" ? pegando a bola em seu próprio campo antes de embarcar em uma corrida fascinante e labiríntica na qual driblou vários jogadores antes de contornar Shilton para marcar.
"Você tem que admitir que é magnífico. Não há dúvidas sobre esse gol. Isso foi puro gênio do futebol", disse o comentarista da BBC Barry Davies.
A Inglaterra diminuiu o placar, mas a Argentina passou, com Maradona dizendo que era "muito mais do que vencer uma partida, era sobre nocautear os ingleses".
Herói também na Itália
Maradona quebrou duas vezes o recorde das transferências mais caras do mundo do futebol: quando trocou o argentino Boca Juniors pelo Barcelona, em 1982 - uma transação de cerca de US$ 4 milhões na época (cerca de R$ 21 milhões) -, e, dois anos anos, quando passou a jogar pelo clube italiano Napoli, contratado por cerca de US$ 6,5 milhões (R$ 34 milhões)
Mais de 80 mil fãs do clube o esperavam no estádio San Paolo quando ele chegou de helicóptero à cidade - um novo herói.
Na Itália, jogou o melhor futebol da carreira, ovacionado pelos torcedores enquanto conduzia a equipe às primeiras vitórias na liga italiana, em 1987 e 1990, e à Copa Uefa em 1989.
A festa que celebrou a primeira grande conquista do time se estendeu por cinco dias, com centenas de milhares nas ruas de Nápoles - uma atenção e expectativa que fez, na época, Maradona se sentir sufocado.
"Essa é uma cidade maravilhosa, mas eu quase não consigo respirar. Quero ser livre pra andar por aí, sou um cara como qualquer outro", afirmou.
Nessa época, Maradona acabou se envolvendo com a Camorra, a máfia napolitana, arrastado pelo vício em cocaína, e se viu em meio a uma batalha judicial pelo reconhecimento da paternidade de Diego Maradona Júnior, que, depois provou-se, era de fato seu filho.
Em 1991, ele é pego pela primeira vez no teste anti-doping. Com resquícios de cocaína detectados no exame, é suspenso por 15 meses pela federação italiana.
O jogador tentou se recompor para disputar a Copa de 1994 nos Estados Unidos, mas teve de abandonar o torneio depois de um novo exame anti-doping ter sinalizado uso efedrina, substância usada para emagrecer.
Maradona é punido novamente com 15 meses de suspensão, desta vez pela Fifa.
Depois de um terceiro doping positivo, três anos depois, ele se aposenta do esporte, aos 37 anos ? mas continua envolvido em polêmicas.
Chegou a ser condenado a dois anos e meio de prisão por atirar em jornalistas com uma espingarda de ar comprimido, sentença que foi posteriormente convertida em multa.
O vício em cocaína e álcool debilitaram sua saúde. Maradona engordou, atingindo 128 quilos, e teve um enfarte em 2004, episódio que levou-o à UTI.
Fez cirurgia bariátrica para tentar perder peso e se refugiou em Cuba quando procurava se livrar das drogas.
Apesar dos anos difíceis, ele é contratado como técnico da seleção argentina em 2008, levando a equipe às quartas de final dois anos depois ? quando a Argentina foi eliminada pela Alemanha.
Ocupou diversos cargos no alto escalão do futebol argentino e continuou sendo uma figura que dividia opiniões.
Precisou de uma cirurgia reconstrutiva no lábio depois que um de seus cães sharpei o mordeu.
Um retrato de seu estilo de vida caótico veio à tona quando ele participou da partida da Argentina contra a Nigéria na Copa do Mundo de 2018 na Rússia.
Ele dançou com uma torcedora da Nigéria, orou aos céus antes do jogo, comemorou freneticamente a estreia de Lionel Messi, dormiu e fez uma saudação dupla com o dedo médio após o segundo gol da Argentina.
Reportagens na época chegaram a sugerir que ele precisava de tratamento médico.
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