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Conflito entre Israel e palestinos: Netanyahu diz que ataques a Gaza vão continuar 'com força total'

16/05/2021 17h41

Primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu afirmou neste domingo que a operação militar contra os palestinos vai continuar 'pelo tempo que for necessário'. A fala contraria a comunidade internacional, que vem pedindo o fim do atual conflito que já deixou centenas de feridos e mortos, inclusive crianças.

A operação militar de Israel contra militantes palestinos do Hamas em Gaza vai continuar "com força total", afirmou Benjamin Netanyahu, primeiro-ministro do país.

"Estamos agindo agora, pelo tempo que for necessário, para restaurar a tranquilidade... Vai levar tempo", disse Netanyahu.

Autoridades de Gaza afirmam que 42 pessoas, incluindo 16 mulheres e 10 crianças, morreram nos últimos ataques aéreos israelenses.

Dez pessoas, incluindo duas crianças, foram mortas em ataques com foguetes contra pontos em Israel desde segunda-feira, segundo o governo de Netanyahu.

O número total de mortos em Gaza até a tarde deste domingo é de 188 pessoas, incluindo 55 crianças e 33 mulheres, com 1.230 feridos, de acordo com o Ministério da Saúde controlado pelo Hamas. Israel afirma que dezenas de militantes do grupo estão entre os mortos.

O Exército de Israel afirma que tem tentado alvejar líderes da organização palestina, além da infraestrutura vinculada ao Hamas.

Neste sábado, um ataque aéreo de Israel destruiu um prédio onde funcionavam as sedes de diversas agências de notícias internacionais, como Associated Press e Al-Jazeera, além de apartamentos residenciais e escritórios.

Em um comunicado divulgado pouco depois, o exército israelense disse que o prédio também era usado para guardar artigos militares pertencentes ao Hamas.

No entanto, o dono do complexo destruído negou que houvesse qualquer presença militar no local. A jornalistas, ele disse que só havia no edifício escritórios de imprensa e cerca de 60 apartamentos residenciais.

Já o Hamas lançou uma nova onda de foguetes contra o sul de Israel na tarde deste domingo.

Enquanto isso, o Conselho de Segurança da ONU está realizando uma reunião de emergência, com mediadores internacionais esperando negociar um cessar-fogo.

O secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, abriu a reunião descrevendo a violência como "totalmente terrível" e disse que os combates devem parar imediatamente.

Os ataques aéreos israelenses - o mais mortal no conflito até agora - atingiram uma rua movimentada pouco depois da meia-noite de domingo.

Equipes de resgate palestinas têm trabalhado nos escombros de pelo menos três prédios destruídos, retirando corpos e procurando por sobreviventes.

"Nunca cobri ataques aéreos com tamanha intensidade, explosões estão por toda parte em Gaza, há dificuldade de comunicação com as autoridades para descobrir onde estão ocorrendo os ataques", disse Rushdi Abualouf, repórter da BBC em Gaza.

"O prédio onde eu moro, na parte oeste da cidade, tremeu como um terremoto", escreveu Abualouf no Twitter. "É um estado de caos, crianças e mulheres gritando no prédio que abriga mais de 200 pessoas."

Os militares israelenses disseram que o ataque atingiu as casas do líder do Hamas, Yahya Sinwar, e de seu irmão Muhammad Sinwar, a quem descreveu como chefe de logística do movimento.

Ambas as residências tinham, segundo ele, "servido como infraestrutura militar" para o Hamas.

Fontes locais confirmaram à mídia que a casa do líder do Hamas na cidade de Khan Younis em Gaza foi bombardeada. Não houve relatos sobre o destino dos dois irmãos.

É improvável que eles estivessem em casa no momento dos bombardeios, de acordo com a agência de notícias Associated Press.

Pouco depois do meio-dia, foguetes foram lançados por militantes em Gaza contra Ashkelon, Ashdod, Netivot e outras partes do centro e do sul de Israel, de acordo com a mídia israelense. Não houve relatos de vítimas.

O sistema de defesa Iron Dome do país interceptou muitos dos mísseis.

Os militares israelenses disseram que viram a maior concentração de ataques de foguetes em seu território na semana passada.

Na noite de domingo, a polícia israelense afirmou que um motorista foi morto e quatro oficiais israelenses ficaram feridos em um ataque a um carro no bairro de Sheikh Jarrah, em Jerusalém Oriental.

O conflito violento começou na segunda-feira, depois do governo Netanyahu ameaçar despejar famílias palestinas de Sheikh Jarrah, bairro com muitos palestino em Jerualém Oriental, para abrir caminho para colonos israelenses.

Essas tensões culminaram em confrontos em um local sagrado reverenciado por muçulmanos e judeus. Na segunda-feira, o Hamas começou a disparar foguetes após alertar Israel sobre os mísseis, desencadeando ataques aéreos de retaliação.


Qual a probabilidade de um cessar-fogo?

Análise de Paul Adams, correspondente diplomático da BBC

A operação militar de Israel em Gaza está chegando ao fim?

Obviamente não. O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, disse que os ataques continuam com "força total" e "levarão tempo".

Em uma entrevista coletiva no domingo, ele admitiu que havia "pressões", mas agradeceu ao presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, em particular, por seu apoio.

O enviado de Biden, Hady Amr, está em Israel desde sexta-feira, discutindo a crise com autoridades israelenses.

Excepcionalmente, no final de uma semana que também viu uma onda alarmante de violência entre comunidades em cidades árabes-judaicas mistas, ele também se encontrou com líderes árabes israelenses.

Uma vez que os Estados Unidos, como Israel e muitos outros países, consideram o Hamas uma organização terrorista, Amr não se encontrará com a outra parte do conflito.

Qualquer mensagem para o Hamas terá que passar por interlocutores tradicionais, como Egito ou Catar.

Relatórios locais sugerem que o Hamas tem oferecido algum tipo de cessar-fogo por vários dias. Mas Israel claramente quer infligir o máximo de danos possível aos militantes antes que o conflito finalmente chegue ao fim.

Esses episódios seguem um padrão: Israel continua a operação usando de sua indubitável vantagem militar até que o clamor internacional sobre as baixas civis e a deterioração da situação humanitária em Gaza exijam o fim da operação.

Na estimativa de Israel, não chegamos a esse ponto ainda.


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