O que há por trás de fotos 'imprecisas' de jornalista no Afeganistão
Indumentária de jornalista americana da CNN, Clarissa Ward, viralizou nas redes como símbolo de endurecimento contra mulheres no Afeganistão, mas ela esclareceu que já usava véu antes para sair às ruas.
A imagem parecia ser um indicativo do que o Talebã no poder provocaria na vida das mulheres no Afeganistão.
O "antes" e "depois" de uma jornalista apresentando uma reportagem em Cabul mostrava a mudança: em um dia, rosto e cabelos descobertos e apenas um lenço no pescoço; no dia seguinte, véu cobrindo inteiramente os cabelos e uma "abaya", vestido de manga comprida que vai até o chão.
- Os interesses de EUA, China, Rússia, Irã e Paquistão no futuro do Afeganistão
- Refugiada afegã no Brasil diz que filha está escondida em casa com medo do Talebã
- Afeganistão: a história de um país em ponto estratégico apelidado de 'cemitério de impérios'
A indumentária da jornalista americana da CNN, Clarissa Ward, viralizou nas redes com essa mensagem: a chegada do Talebã já estava fazendo as mulheres terem de se cobrir mais. Era um símbolo de endurecimento contra mulheres em Cabul.
Mas não era bem isso. Ward explicou que essa mensagem era imprecisa.
A foto com o rosto descoberto, disse ela, foi registrada enquanto ela fazia uma gravação em um espaço privado. Já a reportagem com o véu e a abaya foi gravada na rua. "Eu sempre usei um lenço na cabeça nas ruas de Cabul anteriormente", disse ela, admitindo, no entanto, que não usava o cabelo "totalmente coberto e abaya".
"Portanto, há uma diferença, mas nem tanta assim."
Em uma reportagem para o canal, ela comentou que estava vestida daquela maneira por "cautela" e para ser "o mais discreta possível". "Não quero chamar muita atenção para mim. A história é o que está ao meu redor. A história é o que os afegãos estão sentindo nesse momento incerto e desesperador."
A chegada do Talebã ao poder no Afeganistão despertou medo nos afegãos e, principalmente, nas afegãs. Elas temem perder direitos básicos, como o de estudar e trabalhar, já que o Talebã impõe uma interpretação radical e estrita da lei islâmica que restringe severamente os direitos das mulheres.
E, com a chegada do Talebã, de fato já foram observadas mudanças para as mulheres. À BBC, mulheres narraram perda de liberdades. Uma disse que agora tem que usar burca - o traje que cobre completamente o corpo da mulher, com uma treliça estreita à altura dos olhos, e um homem precisa acompanhá-la.
Segundo o BBC Monitoring, um departamento da BBC que monitora a imprensa no mundo todo, não há mais tantas apresentadoras mulheres na TV. Durante dois dias, elas estiveram ausentes das bancadas de jornais. Até que, nesta terça (17/8), uma jornalista da rede privada Tolo News apareceu como âncora em um telejornal e ainda entrevistou um representante do Talebã.
A própria Ward, a jornalista da CNN, disse que um representante do Talebã deixou claro, quando ela perguntou, que o rosto de uma mulher e suas mãos deveriam ser cobertos. Em certo momento, enquanto ela trabalhava na rua, pediram para ela ficar em um canto porque ela era uma mulher.
Em entrevista coletiva nesta terça (17/8), um porta-voz do Talebã, Zabihullah Mujahid, disse que o Talebã irá "permitir que as mulheres trabalhem e estudem dentro de nossas regras", sem especificar que regras são essas.
Já assistiu aos nossos novos vídeos no YouTube? Inscreva-se no nosso canal!
https://www.youtube.com/watch?v=Sc_E44kBISE&pp=sAQA
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.