Covid-19: Áustria prepara lockdown só para cidadãos não vacinados
Hoje, habitantes da Áustria que não se vacinaram já enfrentam obstáculos para frequentar lugares fechados, mas um lockdown direcionado faria com que eles só pudessem sair de casa por motivos essenciais.
Os austríacos estão bem próximos do primeiro lockdown voltado apenas para as pessoas que não se vacinaram contra a covid-19. A medida controversa deve ser adotada para tentar conter uma nova onda de infecções no país, que atingiu um patamar recorde. A Áustria hoje tem a quarta maior taxa de novos casos do mundo.
O chanceler austríaco, Alexander Schallenberg, afirmou um lockdown nacional para os não vacinados se mostrava "provavelmente inevitável". Para ele, dois terços das pessoas não deveriam sofrer porque os outros estavam hesitantes em relação à imunização.
Atualmente, habitantes da Áustria que não se vacinaram já enfrentam dificuldade para frequentar lugares fechados, mas um lockdown desse tipo faria com que eles só pudessem sair de casa por motivos essenciais.
A província da Alta Áustria deve impor essas restrições direcionadas a partir de segunda-feira (15/11) se conseguir o sinal verde do governo federal. Salzburgo também planeja adotar essas medidas.
Com uma população de 1,5 milhão de habitantes, a Alta Áustria faz fronteira com a Alemanha e a República Tcheca e tem o maior nível de infecção e a menor taxa de vacinação do país de 9 milhões de habitantes.
Em âmbito nacional, o governo austríaco registrou um recorde de 11.975 novos casos de covid-19 nas últimas 24 horas. A média de mortes diárias (atualmente em 26) é o maior patamar desde abril deste ano, mas ainda está longe no recorde em dezembro de 2020, com 130 mortes por dia.
Em alerta divulgado, a comissão de coronavírus da Áustria afirma que a explosão de casos é uma ameaça que "deve ser levada a sério".
A taxa de incidência nos últimos sete dias na Áustria é muito mais alta do que na vizinha Alemanha, onde o ministro da Saúde, Jens Spahn, também fez um alerta acerca de uma pandemia envolvendo muito mais as pessoas não vacinadas.
Em 11/11, a Alemanha registrou mais de 50 mil novos casos pela primeira vez na pandemia. A taxa de vacinação de 67,3% na Alemanha é um pouco maior do que na Áustria, com 63% da população completamente vacinada. Estados alemães também começaram a fechar o cerco contra pessoas não vacinadas.
No Estado de Brandenburgo, quem não foi vacinado será proibido de entrar em restaurantes, hotéis, cinemas e teatros a partir de 15/11, por uma regra "2G" que limita o acesso a pessoas que foram vacinadas ou se recuperaram de covid-19. Entenda como a Alemanha perdeu controle sobre a pandemia.
Por outro lado, a Holanda está perto de se tornar o primeiro país ocidental a readotar um lockdown nacional por causa da nova onda de casos e internações hospitalares por coronavírus, com recorde de infecções.
Atualmente, 73% da população holandesa está vacinada completamente. Em comparação, a taxa no Brasil é de quase 60%, segundo dados comparativos da Universidade de Oxford (Reino Unido).
As novas restrições à circulação de pessoas, descritas como um lockdown parcial, devem adotadas nos próximos dias. Reportagens da imprensa holandesa apontam que o governo planeja implementar três semanas de restrições, com horário de funcionamento limitado para lojas não essenciais junto com cafés, restaurantes e hotéis.
Eventos esportivos públicos, incluindo futebol profissional, devem voltar a acontecer de portas fechadas.
Análise: Bethany Bell, correspondente da BBC na Áustria
A Áustria tem registrado o maior número de novos casos por dia desde o início da pandemia e deseja evitar o bloqueio dos vacinados.
Já proibiu os não vacinados de irem a restaurantes, cinemas, teleféricos de esqui e cabeleireiros, mas as coisas estão prestes a ficar ainda mais difíceis na Alta Áustria.
A província está introduzindo um lockdown para os não vacinados.
Segundo o chanceler austríaco, isso significa que as pessoas que não foram vacinadas não poderão sair de casa, a menos que seja por motivos essenciais como ir ao trabalho, comprar comida ou fazer exercícios.
Críticos da medida afirmam que será muito difícil implementar esse tipo de lockdown.
Se as infecções continuarem a aumentar, as autoridades dizem que os lockdowns para os não vacinados podem ser introduzidos em outras áreas.
O Partido da Liberdade, sigla oposicionista de extrema-direita, tem feito diversas campanhas com críticas infundadas à segurança da vacina contra covid-19, e a mensagem ressoou em muitos austríacos. Para o partido, esse novo lockdown criará um grupo de cidadãos de segunda classe.
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