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Mianmar empossa primeiro governo civil em décadas

30/03/2016 07h36

Pela primeira vez em mais de 50 anos, chefe de Estado eleito democraticamente toma posse no país. Governo de Htin Kyaw, entretanto, será liderado pela Prêmio Nobel da Paz Aung San Suu Kyi, que assume quatro ministérios.

Tomou posse nesta quarta-feira (30/03), pela primeira vez em mais de 50 anos, um presidente civil eleito de forma democrática em Mianmar. O economista Htin Kyaw, de 69 anos, recebeu o cargo de chefe de Estado do ex-general Thein Sein, que liderou nos últimos anos a transição do país do Sudeste Asiático da ditadura militar à democracia.

Eleito pelo Parlamento, Kyaw é homem de confiança da Nobel da Paz Aung San Suu Kyi, líder da Liga Nacional pela Democracia (LND). O partido conseguiu quase quatro quintos dos assentos parlamentares postos em votação nas eleições em novembro.

Suu Kyi, de 70 anos, não pôde concorrer ao cargo porque a Constituição impede que cidadãos com familiares estrangeiros assumam a chefia de Estado - os filhos dela têm passaporte britânico.

Ela será, porém, uma "superministra", sendo responsável pelas pastas do Exterior, Educação, da Energia, além da Casa Civil. Suu Kyi ressaltou que liderará o governo, ficando, assim, "acima do presidente". Ele deve seguir as suas instruções.

"A prioridade do governo é a reconciliação nacional, a paz, o desenvolvimento econômico e social e uma Constituição que permita democracia e federalismo", afirmou Htin Kyaw, em breve discurso de posse.

Htin Kyaw lançou um apelo pela mudança da Constituição aprovada pela última junta militar, que impediu Suu Kyi de concorrer à presidência e que dá amplos poderes ao Exército.

"Eu tenho a obrigação de trabalhar para obter uma Constituição que tenha normas democráticas e seja adequada para o país", disse. O presidente pediu "paciência" para alcançar os objetivos propostos por seu governo.

O novo presidente e seu governo começarão seu mandato em 1º de abril. Mianmar foi governada por generais de 1962 até 2011, quando a última junta militar se dissolveu após repassar o poder para um governo civil simpático às Forças Armadas, liderado pelo ex-general Thein Sein.

Thein Sein começou um processo de reformas políticas, econômicas e sociais que foi recompensando com a suspensão das sanções que pesavam sobre o país, impostas por União Europeia e Estados Unidos.

MD/dpa/afp/efe