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Checkpoint Berlim: Champanhe do norte da Europa

Clarissa Neher

29/07/2016 09h57

Como toda cidade alemã que se preze, Berlim possui a sua própria variedade de cerveja, e até protegida por um selo de indicação geográfica. A Berliner Weisse, porém, costuma ser uma surpresa para os desavisados.

"Berliner Weisse, bitte", pede aquele que deseja conhecer a cerveja local de Berlim. O garçom costuma perguntar "Himbeere oder Waldmeister?" - framboesa ou aspérula. O visitante, meio sem entender a pergunta, costuma ir na segunda opção. A expectativa para provar a especialidade local é grande, maior ainda é a surpresa ao receber o pedido: uma taça com um líquido verde!

A consistência parece ser a mesma da cerveja, tem até espuma, mas a cor e o sabor... A especialidade berlinense é na verdade uma mistura de cerveja - feita com trigo e cevada - e xarope de framboesa ou aspérula. Há outros sabores, mas essas duas são a receita original.

O primeiro gole desfaz qualquer expectativa que ainda pudesse existir de que, apesar da cor, a bebida fosse mesmo uma cerveja. O sabor ácido e ao mesmo tempo doce confunde o paladar. A partir daí restam apenas três opções: "que coisa horrível", "interessante, gostei", ou "achei mais ou menos, mas até dá para beber".

Fiquei com a terceira opção. Prefiro a Berliner Weisse de framboesa, acho a de aspérula muito doce. Aliás, demorei para descobrir que essa planta é uma erva, pois praticamente ninguém a conhece. Perguntei em bares e para amigos. A resposta era quase sempre a mesma: "Acho que é uma coisa que tem na floresta, sei que minha avó usava isso em receitas".

Por ser muito refrescante e de baixo teor alcoólico, a Berliner Weisse costuma ser consumida, principalmente, nos meses quentes do ano. Ela também é conhecida como a "champanhe do norte da Europa", o que é bem exagerado, mas para seus fãs, a especialidade local é muito melhor do que a bebida francesa.

Clarissa Neher é jornalista freelancer na DW Brasil e mora desde 2008 na capital alemã. Na coluna Checkpoint Berlim, publicada às sextas-feiras, escreve sobre a cidade que já não é mais tão pobre, mas continua sexy.