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Placar do impeachment indica derrota de Dilma no Senado

28/08/2016 07h36

Presidente afastada precisa do apoio de 28 senadores para ser absolvida, mas, até agora, só 18 se disseram a seu favor. Discurso deve servir mais para defender seu legado do que para tentar reverter situação.

Com o fim da oitiva das testemunhas, o processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff avança para seus momentos finais. O veredicto, dado em votação no Senado, deve ser conhecido entre esta terça e quarta-feira. São necessários 54 votos entre os 81 senadores para que a petista seja afastada definitivamente.

Segundo enquete realizada pelo jornal O Globo entre os parlamentares, 53 senadores declararam voto favorável ao impeachment, enquanto 18 se disseram contrários. Outros dez não opinaram. Já o diário Estadão fala em 49 votos a favor e 18 contra, além de outros 14 que não quiseram responder.

A última votação no plenário do Senado, em 10 de agosto, terminou com 59 votos favoráveis ao impedimento de Dilma e 21 contrários, levando a presidente afastada a julgamento. Para essa decisão final, porém, o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Ricardo Lewandowski, que comanda a audiência no Senado, pediu aos senadores uma votação "mais criteriosa".

Na última quinta-feira, ao dar início à fase final do processo de impeachment, Lewandowski lembrou os parlamentares de que, nesta etapa do processo, eles se tornaram juízes e, por isso, devem deixar de lado suas visões políticas ao proferir seu voto.

"Cada um de vocês deveria votar como um indivíduo e não de acordo com um partido", afirmou o presidente do STF.

Planalto espera 63 votos

Para o senador Roberto Requião (PMDB-PR), que é contra o impeachment apesar de ser do mesmo partido do presidente interino Michel Temer, o resultado da última votação no Senado não diz muito sobre o julgamento final, já que os senadores devem agora revelar sua posição "com mais clareza".

"Esse placar não tem nenhum sentido para a votação de segunda-feira, porque alguns senadores votaram pela admissibilidade para não serem assediados. O voto verdadeiro é o voto de agora. Eu voto contra. O crime de responsabilidade não existe, e a corrupção nesse processo eleitoral do Senado é evidente", declarou Requião, em entrevista à Rádio Senado.

Por outro lado, o senador Raimundo Lira (PMDB-PB), que presidiu a Comissão Especial do Impeachment na Casa, declarou não acreditar em mudanças de voto em relação ao processo. Para o parlamentar, os 59 votos favoráveis ao impeachment devem se repetir no julgamento final.

"A minha expectativa é que ao longo desses mais de cem dias houve uma formação da convicção de todos os senadores sobre seu voto. Não acredito em menos de 59 votos no julgamento final e não acredito em mudança de convicção de qualquer senador", disse Lira, também à Rádio Senado.

Segundo a Folha de São Paulo, Temer também está esperançoso. Na última quarta-feira, questionado pelo jornal sobre quantos votos acredita ter a seu favor, o presidente interino respondeu com precisão: 54. Ainda de acordo com o diário, a expectativa do Planalto, nos bastidores, é obter até 63 votos favoráveis ao impeachment.

Os próximos passos

Está marcado para as 9h desta segunda-feira (horário de Brasília) o depoimento de Dilma no Senado. A presidente afastada apresentará sua defesa pessoalmente, mas é tido como improvável que ela consiga reverter algum voto. O discurso, apostam analistas políticos, deverá ser mais para defender seu legado. Ela terá 30 minutos para falar, que podem ser prorrogados por tempo indeterminado. Em seguida, os senadores presentes poderão questioná-la.

Somente na terça-feira devem se pronunciar os 81 senadores. Cada um terá dez minutos para falar, antes de todos proferirem seu voto. A votação será por painel eletrônico, aberta e nominal.

Havendo os 54 votos necessários para o impeachment, Temer deixa de ser presidente interino e é empossado como presidente da República. Caso contrário, Dilma é absolvida da acusação de crime de responsabilidade e reassume o cargo.