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Despedida de Schweinsteiger marca fim de uma era

Tobias Oelmaier (pv)

31/08/2016 15h45

Após saídas de Lahm e Podolski, Alemanha perde o último bastião da geração que reconstruiu a seleção, promovendo a renúncia à truculência em prol da criatividade e elegância em campo.

Com a despedida de Bastian Schweinsteiger, sacramentada com um amistoso contra a Finlândia, nesta quarta-feira (31/08), em Mönchengladbach, deixa a seleção da Alemanha a última figura simbólica do elenco da Copa de 2006 - considerado o pontapé inicial da retomada da Nationalelf. A nova geração é talentosa, mas assume um legado difícil de ser igualado.

Philipp Lahm foi o primeiro. Há dois anos, depois de vencer a final da Copa do Mundo no Brasil, o polivalente lateral-esquerdo do Bayern de Munique anunciou sua aposentadoria da seleção alemã. Na época, o passo de Lahm foi inesperado - com apenas 30 anos de idade ele se encontrava numa idade ainda bastante produtiva para um jogador de futebol.

Quando Lukas Podolski comunicou pendurar suas chuteiras da Nationalelf, logo após a Eurocopa na França, em julho, sua decisão soava mais natural e até aguardada. Apesar de ainda ter 31 anos, o atacante ultimamente apenas amargava o banco de reserva da seleção nacional. Há quem diga que o treinador Joachim Löw convocava Podolski simplesmente por gratidão aos sucessos do passado e por ele ser um agregador de grupo e alguém que mantém o alto astral na concentração.

Schweinsteiger, por outro lado, queria evitar tais boatos sobre sua pessoa. Por tantas vezes, ele teve que lutar para retomar seu lugar na equipe após lesões e, por tantas vezes, a opinião pública especulou abertamente se o volante já não teria excedido o auge de sua carreira. Agora, aos 32 anos, Schweinsteiger deixa a seleção da Alemanha como o último membro do "Sommermärchen" (conto de verão, em tradução literal), como ficou conhecida a campanha como anfitriã no Mundial de 2006.

Schweinsteiger completa a saída dos três jogadores que são considerados as figuras simbólicas da retomada do futebol alemão - a renúncia à truculência e às chamadas "virtudes alemãs" de correr, lutar e distribuir carrinhos em campo. Isso deu espaço à consolidação de uma cultura de jogo, com criatividade e elegância. O trio era popular, simpático e, sobretudo, competente.

Estes três devolveram aos alemães a alegria no futebol. Lahm como pensador e coordenador no setor defensivo, Schweinsteiger como um lutador e motivador na área central e, na frente, Podolski, com sua canhota potente e a habilidade de alegrar o ambiente.

Legado pesado

Quando anunciou sua aposentadoria da seleção alemã, Schweinsteiger afirmou que certamente não vai parar de jogar futebol tão cedo, mas que havia chegado o momento de abrir espaço para a próxima geração.

"Eles já estão bem evoluídos, não somente dentro de campo", afirmou o capitão na véspera de seu jogo de despedida.

Leroy Sané (Manchester City), Serge Gnabry (Werder Bremen), Niklas Süle (Hoffenheim), Max Meyer e Leon Goretzka (Schalke 04), Julian Weigl (Borussia Dortmund), Joshua Kimmich (Bayern de Munique), Julian Brandt (Bayer Leverkusen) - todos eles são extremamente talentosos e dispõem de uma excelente formação. Alguns deles provaram suas qualidades na recente campanha nos Jogos Olímpicos no Rio de Janeiro, quando perderam a medalha de ouro num Maracanã lotado somente nos pênaltis.

Alguns dos jogadores desta nova geração alemã têm o que é preciso para continuar com o que foi feito por Lahm, Podolski e Schweinsteiger na seleção alemã. O problema é que dificilmente poderão fazê-lo melhor. E tais figuras populares, tais personalidades, não podem simplesmente ser produzidas nas perfeitamente organizadas categorias de base dos clubes. Esta nova geração assume um legado difícil.