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Erdogan defende volta da pena de morte na Turquia

29/10/2016 16h00

Presidente diz que governo levará proposta ao Parlamento. Se restabelecida, punição poderá ser usada contra acusados de organizar golpe frustrado de julho - e pôr país em rota de confronto com a UE.O presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, afirmou em discurso neste sábado (29/10) que pedirá ao Parlamento que considere a reintrodução da pena de morte no país."Nosso governo levará a proposta sobre a pena de morte ao Parlamento", disse Erdogan. "Eu estou convencido de que os parlamentares vão aprová-la, e quando voltar para mim, eu vou ratificá-la."Se restabelecida, a punição poderia ser usada contra os acusados de organizar o golpe militar, em julho, que tentou retirar Erdogan do poder. Cerca de 35 mil pessoas foram presas suspeitas de terem conexão com o levante frustrado.A Turquia aboliu a pena de morte em 2004, durante as negociações para aderir à União Europeia, que exige que seus países-membros não a permitam. A chanceler federal alemã, Angela Merkel, e outros líderes europeus disseram que a reintrodução da pena de morte seria totalmente incompatível com a adesão à UE.O líder turco, porém, ignorou qualquer crítica que poderia vir de Bruxelas. "O Ocidente diz isso, o Ocidente diz aquilo. Desculpe-me, mas o que conta não é o que o Ocidente diz", declarou. "O que conta é o que meu povo diz."Erdogan fez os comentários neste sábado ao participar da inauguração de uma estação de trens de alta velocidade em Ancara, capital do país, informou a agência de notícias turca Dogan, de propriedade privada.A multidão no local gritava "queremos a pena de morte", ao que Erdogan respondeu: "Em muito breve, não se preocupem. Vai acontecer em breve, se Deus quiser."O discurso deste sábado não foi o primeiro em que Erdogan menciona a pena capital. Após a tentativa de golpe de Estado, em julho, manifestantes pró-governo passaram a exigir a execução dos líderes da rebelião. Diante disso, Erdogan declarou que o governo discutiria a reintrodução da pena de morte no país.FC/afp/dpa