Tragédia com Chapecoense deixa mundo do esporte de luto
Acidente envolvendo avião que transportava equipe catarinense para Medellín, na Colômbia, deixa 71 mortos e seis sobreviventes, incluindo três jogadores. Caixas-pretas devem ajudar a esclarecer causas do desastre.A queda do avião com a equipe da Chapecoense – maior tragédia aérea envolvendo um time de futebol da história – deixou o mundo do esporte de luto nesta terça-feira (29/11). A aeronave caiu no início da madrugada nos limites da cidade de La Unión, no departamento de Antioquia, na Colômbia, deixando 71 mortos e seis sobreviventes, segundo balanço final das autoridades colombianas.Leia também: O fim trágico de um sonhoLeia também: O acidente na imprensa europeiaO avião, da empresa aérea boliviana Lamia e que havia sido fretado pelo clube catarinense, perdeu contato com a torre de controle ao sobrevoar uma região montanhosa nas proximidades de Medellín, no noroeste do país, minutos antes da queda. Autoridades investigam uma possível falha elétrica, o que teria levado o piloto a descartar combustível antes de tentar um pouso forçado. Também há a suspeita de que a falta de combustível tenha provocado o acidente.Por volta das 22h de segunda-feira (hora local), a aeronave se chocou com uma montanha conhecida como Cerro Gordo e se partiu em três, ficando completamente destruída. As duas caixas-pretas do avião foram localizadas sem nenhuma perda e devem ajudar a entender as causas da tragédia.O time da Chapecoense viajava para Medellín, onde disputaria a primeira das duas partidas finais da Copa Sul-Americana contra o Atlético Nacional, da Colômbia, nesta quarta-feira. A equipe planejava chegar à cidade colombiana num voo fretado vindo diretamente de Chapecó, mas foi impedida pela Anac. Assim, decidiu embarcar num voo comercial, duas horas mais tarde, de São Paulo para Santa Cruz de la Sierra, na Bolívia. Da cidade boliviana, a equipe partiu, então, num voo fretado a Medellín.PassageirosEstavam a bordo da aeronave 68 passageiros e nove tripulantes – todos bolivianos –, incluindo 22 jogadores de futebol, 25 dirigentes, membros da comissão técnica e convidados da equipe, além de 21 jornalistas brasileiros de emissoras de rádio e televisão locais e nacionais, como Globo, Fox Sports e RBS, e de portais de notícias esportivas, como globoesporte.com.Quatro pessoas que constavam na lista oficial de passageiros não chegaram a embarcar. São elas Luciano Buligon, prefeito de Chapecó; Plínio David de Nes Filho, presidente do Conselho Deliberativo da Chapecoense; o deputado Gelson Merisio, presidente da Assembleia Legislativa de Santa Catarina; e o radialista catarinense Ivan Carlos Agnoletto, da rádio local Super Condá.Mais de 70 mortosSegundo o governo de Antioquia, a operação de busca e resgate de vítimas terminou por volta das 16h (hora local), depois que todos os 71 corpos de vítimas foram retirados dos escombros.Entre os mortos estão muitos jogadores e membros da comissão técnica do clube, além do técnico Caio Júnior e do vice-presidente da CBF e presidente da Federação Catarinense, Delfim Peixoto Filho. Há também 21 profissionais da imprensa, incluindo o comentarista e ex-jogador Mário Sérgio Pontes de Paiva, o repórter Victorino Chermont, o comentarista Paulo Clement e o locutor Deva Pascovicci.Autoridades informaram que o reconhecimento dos corpos será realizado no Instituto Médico Legal (IML) de São Paulo, retirando a necessidade de os familiares viajarem à Colômbia. Um acordo entre os governos dos dois países permitiu que os corpos sejam liberados para o translado ao Brasil apenas por meio de uma identificação preliminar feita por médicos e pela equipe da Chapecoense.Seis sobreviventesEntre os seis sobreviventes estão três jogadores brasileiros: o lateral Alan Ruschel, o goleiro Jackson Follmann e o zagueiro Hélio Zampier Neto.Ruschel passou por uma cirurgia após sofrer uma lesão na coluna, além de múltiplas fraturas nos braços e nas pernas. Segundo boletins médicos, Neto, que apresentou hematomas no crânio, abdômen e tórax, também passou por cirurgia. Já Follmann precisou ter sua perna direita amputada, mas seu estado de saúde é estável, segundo informou o Hospital San Vicente, de Rionegro, perto de Medellín.Os outros sobreviventes foram o jornalista catarinense Rafael Henzel, que sofreu ferimentos no tórax e na perna direita e também precisou passar por cirurgia, além da aeromoça boliviana Ximena Suárez e o tripulante Erwin Tumiri, que estão fora de perigo, segundo informações médicas.O goleiro Marcos Danilo Padilha chegou a ser resgatado com vida e levado para o Hospital San Vicente, mas não resistiu aos ferimentos e morreu.Comoção mundialA tragédia gerou comoção em todo o mundo, levando entidades, times de futebol, personalidades e torcedores a manifestar solidariedade ao clube e às vítimas. A hashtag #ForçaChape chegou a ser o assunto mais comentado do Twitter a nível mundial, com mais de 2 milhões de tweets. O governo brasileiro declarou três dias de luto oficial, e a Conmebol suspendeu todas as suas atividades.Após a notícia do acidente, torcedores da Chapecoense começaram a se aglomerar em frente à Arena Condá, estádio do time na cidade de Chapecó, Santa Catarina. Mais tarde, as portas do estádio foram abertas, reunindo familiares, amigos e fãs das vítimas. "A torcida da Chape está cantando forte na Arena Condá. Que cena maravilhosa. Eles merecem isso", disse o clube no Twitter durante a noite.No Twitter, o presidente Michel Temer prestou condolências. "Nesta hora triste que a tragédia se abate sobre dezenas de famílias brasileiras, expresso minha solidariedade. Estamos colocando todos os meios para auxiliar familiares e dar toda a assistência possível. O governo fará todo o possível para aliviar a dor dos amigos e familiares do esporte e do jornalismo nacional", disse o líder brasileiro.Já o ex-craque Pelé afirmou em redes sociais que a "família do futebol brasileiro está de luto" com a tragédia. Jogadores como Neymar, Cafu, Robinho e Kaká também prestaram apoio. O colombiano James Rodríguez, que veste a camisa do Real Madrid, escreveu uma mensagem em português.Na manhã desta terça-feira, times como Barcelona, Real Madrid e Benfica fizeram um minuto de silêncio antes dos treinos do dia em homenagem às vítimas do acidente aéreo. Os clubes britânicos Liverpool e Leeds United também fizeram um minuto de silêncio antes de uma partida, e suas torcidas entoaram a canção You will never walk alone (Você nunca andará sozinho, em português).Em nota, os presidentes dos quatro grandes clubes paulistas – Corinthians, São Paulo, Santos e Palmeiras – sugeriram à CBF que a Chapecoense fique impedida de ser rebaixada da Séria A do Brasileirão nas próximas três temporadas. Além disso, sugeriram o empréstimo gratuito de atletas.O colombiano Atlético Nacional, que disputaria a primeira partida da decisão da Copa Sul-Americana contra a Chapecoense nesta quarta-feira, solicitou que a Conmebol declare a equipe catarinense campeã do torneio. "O acidente de nossos irmãos da Chapecoense nos marcará para a vida e deixa, desde já, uma marca indelével no futebol latino-americano e mundial", diz um comunicado.EK/abr/efe/lusa/rtr/ots
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