TV marroquina se desculpa por ensinar mulheres a esconder hematomas
Programa matinal no Marrocos exibe tutorial de maquiagem a mulheres que precisam disfarçar marcas da violência doméstica. Vídeo viraliza e gera enxurrada de críticas. "Erro de julgamento", reconhece a emissora.
Após uma enxurrada de críticas desde que um vídeo seu viralizou na internet, o canal de televisão marroquino 2M se desculpou publicamente nesta segunda-feira (28) por ter exibido, na semana passada, um tutorial de maquiagem para esconder marcas da violência doméstica.
O programa foi ao ar na quarta-feira passada, dia 23 de novembro, às vésperas do Dia Internacional da Eliminação da Violência contra a Mulher, mas passou despercebido num primeiro momento. Ao ser disponibilizado online no dia seguinte, o vídeo gerou comentários revoltados nas redes sociais.
As imagens – removidas do site da emissora, mas ainda disponíveis no YouTube – mostram uma mulher cheia de hematomas que, segundo a apresentadora do programa, não passam de "efeitos cinematográficos". Uma maquiadora convidada começa então o tutorial para esconder os roxos.
"O verde é usado, com a ajuda de um pincel, para camuflar a parte avermelhada", diz a especialista, que sugere ainda o uso de "um corretivo mais amarelado" para cobrir os olhos escurecidos pelos hematomas. Durante o programa, ela afirma ainda que seu objetivo é trazer "soluções a mulheres que precisam desses conselhos para continuar a sua vida e ir ao trabalho".
Na sexta-feira, o canal 2M emitiu um comunicado dizendo que o tutorial foi "completamente inapropriado" e, nesta segunda-feira, publicou um vídeo no Facebook se desculpando mais uma vez.
"Nós sempre colocamos as mulheres no centro de nossos debates e defendemos seus direitos com todo coração", afirma o vídeo, citado por agências de notícias internacionais. "Pedimos desculpas por exibir o quadro, que foi um erro de julgamento de nossa parte, e imploramos por sua compreensão."
Segundo a organização Human Rights Watch, "a brutalidade cometida contra as mulheres é algo comum" no Marrocos. Nesta segunda-feira, Janet Walsh, diretora do departamento de direito feminino da ONG, disse que o país "ainda discute um projeto de lei sobre a violência doméstica".
Um estudo oficial realizado em 2009 e 2010 no Marrocos concluiu que quase dois terços das mulheres marroquinas foram vítimas de violência física, psicológica, sexual ou econômica. Entre elas, aproximadamente 55% disseram ter sido vítimas de violência dentro de casa.
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