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Deputado republicano pede desculpas após revelar espionagem

23/03/2017 16h04

Após dizer que conversas de Trump foram interceptadas por agências dos EUA, Devin Nunes retrata-se a democratas que o criticaram por ter repassado informação à imprensa e ao presidente antes de levar caso à Câmara.O chefe do Comitê de Inteligência da Câmara dos Representantes, o republicano Devin Nunes, desculpou-se nesta quinta-feira (23/03) pela forma com que lidou com as alegações de que agências de inteligências americanas teriam interceptado conversas do presidente Donald Trump.Na véspera, o deputado convocou uma coletiva de imprensa para informar que comunicações entre o líder americano e membros de sua equipe de transição teriam sido incluídas "inadvertidamente" em relatórios de inteligência. Antes disso, o político informou o próprio presidente sobre a situação.A atitude foi duramente criticada por colegas democratas, que condenaram o fato de a informação ter sido divulgada a Trump e à imprensa antes de ser levada ao Comitê de Inteligência para análise.Adam Schiff, principal representante democrata na comissão da Câmara, declarou que "uma investigação credível não pode ser conduzida dessa forma" – Nunes lidera uma investigação sobre as possíveis ligações entre a campanha presidencial do republicano e o governo da Rússia."Às vezes você toma a decisão certa, às vezes você toma a decisão errada", reconheceu Nunes em conversa com repórteres nesta quinta-feira. "Mas é preciso sustentar a decisão que você toma."Um assessor republicano do Comitê de Inteligência confirmou que o deputado pediu desculpas pessoalmente aos colegas democratas por não tê-los informado sobre o caso antecipadamente."Ele se desculpou à minoria [democratas] no comitê por ter levado a público e à Casa Branca seu anúncio sem antes ter compartilhado a informação com eles. Ele se comprometeu a trabalhar e a compartilhar informações com eles sobre a questão", disse o assessor à agência de notícias Reuters.O casoNunes afirmou nesta quarta-feira que conversas do presidente dos Estados podem ter sido interceptadas por agências de inteligência americanas entre novembro do ano passado e janeiro deste ano, justamente entre a vitória eleitoral de Trump e a cerimônia de posse. As informações foram coletadas por acaso em escutas legais voltadas a investigações de suspeitos estrangeiros, disse ele.Embora as regras determinem que informações sobre americanos coletadas incidentalmente sejam suprimidas de relatórios, o conteúdo das conversas teria sido "amplamente divulgado" nos círculos de inteligência dos EUA, informou o deputado a jornalistas em frente à Casa Branca.Nunes afirmou ainda que as comunicações interceptadas não têm ligações com a Rússia e aparentam ter "pouco ou nenhum valor para a inteligência". Ele também negou que haja algum indício de que o ex-presidente Barack Obama tenha ordenado o monitoramento, como acusou Trump recentemente, ou mesmo que o presidente fosse o alvo pretendido das interceptações.EK/ap/rtr/dw