Candidato liberal defende migração qualificada para Alemanha
Christian Lindner critica política de refugiados do governo e afirma que é necessário acelerar avaliação de pedidos de refúgio e criar mais clareza sobre formas de ingresso.O presidente do Partido Liberal-Democrático (FDP), Christian Lindner, teceu duras críticas à política de refugiados da chanceler federal Angela Merkel. Em entrevista à editora-chefe da DW, Ines Pohl, e ao apresentador Jaafar Abdul-Karim, o candidato que encabeça a chapa do FDP para a eleição de 24 de setembro disse que a avaliação dos pedidos de refúgio é muito demorada. Para acelerá-la, ele sugere um novo status legal aos requerentes de refúgio, que garanta a proteção humanitária enquanto o pedido é avaliado.Feita a identificação do requerente, este receberia uma autorização de permanência provisória e teria acesso imediato ao mercado de trabalho. "Mas a autorização de permanência é por um período limitado", esclareceu. Quando o país de origem estiver novamente em paz, "as pessoas devem, em regra, retornar".As propostas de Lindner para a política de refugiados do governo federal fazem parte de suas sugestões para uma futura política migratória caso o FDP venha a compor o governo. Ele afirmou que Alemanha é um país de imigrantes. "Mas precisamos definir com clareza quais acessos à Alemanha existem", ressalvou.Ele falou de quatro portas de entrada. "A primeira se chama asilo político." Este é um direito fundamental, para o qual não pode existir limite de concessão, disse. Ele também se aplica apenas a um número muito limitado de pessoas, "que realmente são perseguidas como indivíduos".A segunda porta tem a inscrição "refugiados". Para Lindner, trata-se de pessoas que não são perseguidas individualmente, mas fogem da guerra e da violência. Questionado se ele é favorável à fixação de um limite superior, Lindner afirmou que ele existe e pode ser determinado pela capacidade de acolhimento de um país, "para que se possa receber as pessoas da maneira adequada". Porém, ele evitou definir um número exato.A terceira porta de entrada de uma futura política migratória do Partido Liberal é a migração qualificada. Essa categoria contempla a escolha de pessoas que podem se mudar para a Alemanha. "Nós decidimos quem pode vir, com base em conhecimentos da língua, qualificação e assim por diante." A quarta e última porta deve permanecer fechada, afirmou Lindner. Segundo ele, quem não tem direito a asilo ou refúgio nem é um migrante qualificado não pode entrar nem ficar na Alemanha.Afeganistão e TurquiaO candidato disse também que a missão militar da Alemanha no Afeganistão não pode ser prolongada indefinidamente e que os objetivos da missão nunca foram alcançados."Talvez o objetivo de transformar o Afeganistão numa democracia com economia de mercado, nos moldes ocidentais, seja ambicioso demais do ponto de vista cultural e civilizatório", disse Lindner. "Ao menos no tempo disponível para isso", acrescentou.A missão militar internacional liderada pelos Estados Unidos já dura 16 anos, e esta semana o presidente Donald Trump anunciou o reforço das tropas de seu país no Afeganistão. À DW, Lindner disse: "Não acredito que uma missão como essa seja oportuna para a Bundeswehr [Forças Armadas da Alemanha]"O jovem candidato de 38 anos também foi claro ao abordar outras questões polêmicas. Em relação à Turquia, ele disse que toda cooperação econômica deve ser suspensa diante dos recentes acontecimentos. Ele precisou que garantias de exportações não devem mais ser concedidas pelo governo alemão, e conversações para facilitar os procedimentos de alfândega devem ser congelados."Devemos isso à oposição na Turquia", afirmou Lindner, lembrando que milhares de pessoas foram detidas, e a liberdade de imprensa, fortemente cerceada no país depois da tentativa de golpe de Estado de julho de 2016. O caso mais recente a abalar as relações entre a Alemanha e a Turquia foi a detenção do escritor alemão Dogan Akhanli na Espanha, a pedido de Ancara. Akhanli, de 60 anos, é um cidadão alemão de origem turca e vive em Colônia.
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